quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ENTREVISTA COM N.O.W.

A Terra Brazilis custou, mas parece estar aprendendo que nem só de bossa-nova vive nosso país no exterior. Bandas com trabalhos de altíssima qualidade chamam a atenção dos gringos e garantem contratos com gravadoras de peso, como a Escape Music e a poderosa Frontiers Records. No embalo dos brasileiros que estão barbarizando lá fora, surge mais um projeto que certamente vai fazer muito barulho. Capitaneado por Alec Mendonça (foto), o N.O.W. tem canções que só ratificam a recente tradição do AOR Made In Brazil, mas com um detalhe: o vocalista da banda é ninguém menos que Philip Bardowel!!!

Direto da cidade maravilhosa, Mendonça concedeu entrevista exclusiva ao bom e velho Juba.San que vos fala, e que apresenta agora o papo na íntegra.

De acordo com
myspace da banda, você nasceu em New York e veio para o Brasil ainda criança. Sua família é brasileira?

AM: Sim, minha mãe é gente boa de Minas e meu pai do RJ, eles dois trabalhavam nos U.S.A há anos quando eu nasci. Tenho um primo que é músico, o trumpetista Cláudio Roditi que já foi até indicado ao Grammy, ele mora lá há uns 30 anos, mas perdemos contato há uns 10...

Você já se envolvia com música durante a adolescência?

AM:
Hehehe, acho que já nasci envolvido... desde que me lembro minha mãe escutava rock and roll

Lembra de alguma coisa que ela curtia?

AM:
Lógico, Beach Boys, Beatles, Boston, Elvis Presley, Uriah Heep, Deep Purple & Led Zepellin, que eu me lembre.... mas também gostava de Supertramp, ABBA e Carpenters....

E a história da escolha entre o carro e ou baixo, aos 18 anos...

AM:
Hahaha, pois é, e é verdadeira, foi terrível para mim, os hormônios pulando e pedindo para pegar o carro mas o coração falou mais alto e peguei o meu primeiro baixo decente, um Fender Jazz Bass Special.

No
myspace você diz que cuidou dos negócios da família por 15 anos. Esses negócios estão relacionados á música?

AM: Não, é uma escola que já era da minha mãe há 30 anos, mas como ela teve uma doença séria não podia mais cuidar de coisas estressantes, aí eu tive que escolher e a escolha foi óbvia, a família. Aí a música teve que ficar na geladeira esperando...

Como conheceu os outros integrantes do N.O.W.?

AM: Cara, o Carlos Ivan eu já conhecia há mais de 20 anos, quando éramos adolescentes e já tínhamos uma bandinha de progressivo com rock. O Jean Barros eu só conheci no começo do meu projeto, como sou muito amigo do Leo Mendes, do Highest Dream, eu perguntei quem ele me indicaria para tocar os teclados, já que ele estava indisponível no momento por causa da banda dele, aí ele falou que só confiaria nele. O Leo sabe com eu sou chato, aí eu contactei ele em Volta Redonda e assim que ele escutou as músicas ele topou. Já o Eric ele já fazia parte de uma banda de hard rock melódico que eu tinha chamada Hit Maker, há 16 anos atrás, a gente chegou até a gravar um CD demo também, mas daí tivemos que nos separar. O Caio foi muito bem recomendado por estúdios e pelo próprio Jean, aí entrei em contato e enviei as músicas para ele, paguei a hora de músico da tabela para ele, aliás, ele fez um preço bem módico por que gostou das músicas, chegou lá e em 2 dias arregaçou nos solos!

Essa banda Hit Maker não tinha um vocalista chamado John, por acaso?

AM:
Tinha, John da Guia que é norte-americano também.

A arte do álbum era um por do sol ou coisa assim...

AM: Isso aí, conhece essa velharia? Não acredito!

Vou te contar que o John mora aqui na minha cidade há anos...

AM: Hahahaha...

Ele tem uma escola de inglês e leciona em um colégio aqui. Cara sangue bom pacas...

AM: Então você conhece, porque ele só fala nisso o tempo todo, faz vídeo e tudo. Ele é que cantaria neste novo projeto meu.

Falando em cantar, não poderia deixar de perguntar como foi a aproximação com o Philip Bardowel.

AM: Ah sim.... bem, eu também canto, mas para esse projeto, eu procurava algo fenomenal e a minha voz não é fenomenal, é só... boa. E um dos meus heróis da música é o Lou Gramm, a voz do cara é simplesmente fantástica, posso lhe falar que é o timbre que eu mais curto de voz. Então, eu já cohecia o Philip do Places Of Power e me impressionei com a semelhança de vozes, então eu simplesmente fui para o estúdio, coloquei as vozes guia nas músicas, e entrei em contato com ele, perguntei o que ele acharia de trabalhar em um projeto com uma banda brasileira, ele gostou da ideia pois disse que nunca havia feito isso, mas ele queria escutar as músicas antes..... bem, eu enviei e ele adorou! Perguntou quantas músicas eram e eu falei 12 músicas e ainda avisei que as letras eram grandes, várias partes diferentes mas mesmo assim ele topou, só tive que pagar as horas de estúdio. Ele gravou em Los Angeles no estúdio do Gary Grifin dos Beach Boys, que é amigão dele, o cara é gente finíissima por sinal também. Quando eu escutei o resultado devo confessar que o meu queixo caiu, era um sonho praticamente, era o Foreigner de novo... tem músicas ali que não dá para acreditar no alcance do cara, impressionante mesmo, nem eu imaginava que ele cantaria assim, mas ele escreveu no e-mail : ''Alec, I'll pour my heart into your songs'' ou ''Alec, vou colocar a minha alma nas suas canções'' e ele realmente fez isso...

Você cogitou outros nomes antes de Mr. Bardowel?

Sim, cheguei a entrar em contato com um outro vocalista de São Paulo que era bom, mas não era o que eu procurava, na verdade, é quase impossível encontrar um vocalista com um timbre desses no Brasil, eu só conheço o Stan Bush, Philip Bardowel, Mark Free e o Lou Gramm mesmo....... fora esses entrei em contato com um outro vocal na Suécia, mas acabei desistindo porque o timbre era mais para Toto e apesar de eu amar Toto a onda das minhas músicas não era essa.

Quem é McCoy, apontado como compositor e co-autor da faixa “Long Hard Way”?
AM: McCoy é um amigão meu, de infância e nós somos da época que se fazia música com um gravador de mão para não se esquecer da melodia, era um gravador em uma mão e o violão na outra, nós temos mais de 30 músicas juntos..... ele fez a melodia principal de “Long Hard Way” e eu fiz todo o resto. Essa é a minha única co-autoria.

Falando nas canções, ouvindo os samplers da banda, achei “Hail Mary” uma das melhores faixas. Puro AOR...

AM: Sim, na verdade, o grande porque de eu ter decidido voltar a compor é porque as músicas começaram a aparecer na minha cabeça do nada...... eu ficava louco, pedia para a minha mulher pegar a câmera e filmar eu tocando violão, quando acabava eu sentava no PC e escrevia a letra, tipo em 10 minutos o processo todo. Logicamente depois vinha os arranjos e outras coisas, mas a estrutura da música em si era um coisa de louco, vinha muito rápido, cheguei a ter de viajar de carro com uma câmera ao lado e às vezes parava o carro para ficar assoviando melodias para não esquecer, parecia um lunático.... mas só assim que eu não esquecia, compus tudo em 2 meses....

E “Listen To Your Heart” é outro destaque. Existe uma aura 80’s nela ou to enganado?

AM: Sim, sem dúvida tem uma onda muito 80's nela e é proposital. Mas a letra é que é muito inrteressante, pois ela conta uma história que começa na segunda e vai até Domingo, é uma semana na vida de um cara......

Em “No Time For Goodbyes” percebi a sonoridade mais contemporânea entre a canções disponibilizadas. O álbum tem uma base mais 80’s/90’s?

AM: Na verdade, eu não tinha o controle sobre as músicas que vinham na minha cabeça, só sobre os arranjos. No caso de ''No Time For Goodbyes'' eu compus só com batidas no violão,mas as batidas ficaram tão boas que eu quis manter aquele clima meio anos 70, vejo ela mais como um hard dos anos 70, com uma pegada 90...... eu peço até desculpa por não disponibilizar as músicas inteiras mas tenho de esperar o que vai acontecer antes de fazer qualquer coisa de supetão. Porque com isso o entendimento das músicas fica mais limitado, mea culpa, sorry. A base é mais 70, 80's

Quais as bandas/artistas que o N.O.W. teve como influência durante o desenvolvimento do álbum?

AM: Olha, durante o desenvolvimento do álbum eu não estava escutando muita coisa não. Para falar a verdade escuto muito Beatles sempre e rolou Rush na hora do almoço um bocado também, já nas viagens ao estúdio o Kansas era obrigatório.- Eu sei que é estranho falar que eu não sentei para compor,mas algmas músicas que eu tenho aqu que eu sentei para compor, são muiro aquém do que eu espero de mim mesmo, às vezes rolava até um desespero, quando passava uns 10 dias e nao vinha inspiração para nada, achava que tinha acabado, seja lá o que tenha sido aquilo. Mas é o que um amigão meu diz : ''A música é igual a um veio subterrâneo, se você começar a mexer nele acaba vazando a água sem parar'', e foi isso que aconteceu, quando eu resolvi voltar, até porque a scene está bem favorável as coisas começaram a pipocar na minha cabeça naturamente até demais, chegava a assustar a minha esposa às vezes. E eu deixei rolar....

A banda já tem contrato assinado com alguma gravadora?

AM: Ainda estamos vendo isso, estou com uns contatos nos U.S.A e na Europa, mas os CD demos só começam a ser despachados para o exterior na semana que vem, aí é que eu vou saber o que vai acontecer. A minha esperança é grande, mas sou bem pé no chão. Dei meu sangue, viajei milhares de quilometros para ver isso pronto, corri atrás quando mais ninguém quis correr e deixei de ficar com a família por semanas a fio, me dediquei como nunca havia me dedicado antes, por isso que eu espero uma resposta positiva. A resposta mais importante para mim que é a do público eu já estou tendo, já está valendo a pena só pelos elogios sinceros recebidos, e lógico, pelo Phil ter concordado em cantar, isso foi uma grata surpresa para mim.

Cara, sou franco quando digo que não acredito que a banda terá problemas em conseguir um contrato. A qualidade do material é inquestionável...

AM: Bondade sua, mas o que eu posso dizer é que um produtor MUITO famoso mundialmente mesmo adorou as músicas, principalmente ''Listehn To Your Heart'' e ''Midnight Call'' e até se ofereceu par remixá-las, mas isso não é sinal de nada ainda, temos de esperar para ver.

Essa era uma das próximas perguntas quem estaria envolvido com produção e mixagem do material...

AM:
Ah sim...bem... Eu arranjei todas as músicas, e cheguei até a comprar um baixo fretless para tocar 1 música minha, que pedia um fretless. No estúdio as músicas foram tratadas com todo o carinho para parecerem um produto final, mas são SOMENTE demos, demos chiques, podemos colocar assim, mas ainda DEMOS. Eu tenho todos os arquivos das músicas separados para o caso de remixagem... mas logicamente estão sem masterização que é um processo importantíssimo na gravação... então ficaria a cargo da gravadora me dizer o que prefere fazer com as músicas, contanto que não tire a essência de nada eu concordarei em remixá-las e tudo mais que for necessário.

Ao contrário da Europa, o mercado norte-americano ainda é bastante fechado em relação ao AOR/Melodic Rock, apesar do surgimento de várias bandas e o retorno de outras tantas. Você acha que esse cenário pode ser revertido à médio prazo?

AM: Pelo contrário já está se revertendo e não é otimismo barato não. Para se ter uma ideia, a Frontiers Records abriu uma filial nos U.S.A, se os U.S.A não estivessem crescendo com um mercado HARD/AOR, a Frontiers nunca faria isso, pois eles são bem pé no chão mesmo. Sem contar que o último disco do Journey vendeu quase 1 milhão de cópias e todos os shows lotados... stá tendo um revival das músicas dos anos 70, 80 agora, tudo que é bom volta, isso é inegável e agora o que está voltando são as nossas bandas queridas, Survivor, Foreigner, Journey, Jeff Scott Soto, Mr. Big...só por aí já vemos que o mercado cresceu para esse nicho de música e bastante! A internet também é um excelente veículo para divulgar música boa, a música boa é atemporal, já a descartável passa.... Não podemos considerar a MTV nestes casos, pois ela acabou tem tempos,mas na era do Youtube, who needs MTV?

Sem dúvida. Existe um mercado forte no que tange o chamado classic rock por lá, inclusive com bandas como Foreigner, Styx, REO Speedwagon e outras correndo o país...Mas quando falo em mercado, me refiro a charts, TV...mídia, em geral...o AOR ainda batalha pelo espaço que um dia foi maior, não acha?

AM: Sem dúvida o apogeu dos anos 80 não volta mais, até porque a ídia em sí está diferente, mas esse é um estilo que ainda é usado em diversas trilhas sonoras, filmes, documentários e é o estilo que ainda lota Arenas pelo mundo todo, inclusive no Brasil. A Brit Invasion e o American Idol estão ajudando muito no que diz respeito a divulgação do HARD, ROCK & AOR, pois é o estilo que os jurados Randy Jackson e Simon Cowell mais gostam, você pode perceber que é dificílimo você ver Hip Hop ou dance no American Idol, e com isso o rock está voltando com força, quem não lembra da final com o Queen e o Kiss?? Quer mais mídia do que isso? Tenho confiança total que o estilo está de volta e vai crescer mais ainda. Afinal, como eu disse, o que é bom é atemporal.

Prá fecharmos o caixão, com algumas excelentes bandas brasileiras já despontando no cenário internacional - como a Auras e o Highest Dream – você acredita que o mercado brasileiro pode abrir uma brecha prá esse tipo de som novamente?

AM: Olha cara, para quem achava que o rasil só exportava Sepultura e Angra, um metal mais pesado ou melódico, tanto o Highest Dream quanto o Auras mostram que os olhos começaram a se voltar para cá, de repente o mercado Brasileiro está mais fértil que o Europeu, e isso é bom para nós. Tenho fé nisso e nas duas bandas citadas por você, acho elas incríveis mesmo! Mas, Brasil é Brasil não é? Aqui então a mídia é fechadíssima para esse tipo de som, o que temos de AOR aqui poderia ser um Roupa Nova da vida? Cor do Som... Infelizmente não tem a mínima condição de pensar em Brasil quando se fala em AOR, mas vamo tentar fazer o que o Sérgio Mendes fez, sucesso lá fora para depois nos conhecerem aqui....

Alec, foi um grande prazer falar contigo e trocar idéias com gente que sabe o que fala. Agradeço imensamente o tempo despendido prá me atender e a paciência em responder tudo isso. Desejo o melhor prá N.O.W. e tenho certeza de que em 2010 teremos mais uma banda brazuca arrepiando os gringos.

AM: Eu também desejo todo o sucesso do mundo para o seu blog, que tá com um visual muito legal e pro! em breve lançaremos um vídeo, aguardem! Um muito obrigado novamente pelo espaço concedido.

Faço aqui um agradecimento especial ao amigo a amante dos bons sons Antônio Júnior, rubro-negro sangue bom que me colocou em contato com o Alec.

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