O sempre ácido e direto jornalista Régis Tadeu estcreveu matéria bem bacana - e venenosa -sobre o Kiss (foto), originalmente publicada no Yahoo. Segue a íntegra da matéria:
"Se você perguntar para as bandas de rock veteranas - aquelas que cosntruíram suas carreiras a partir das décadas de 60, 70 e até mesmo dos anos 80 - se ainda vale a pena lançar um disco de estúdio com canções de inéditas, 99% delas vai dizer que não, que os "downloads ilegais estão matando a música, blá, blá blá", aquele papo todo.
E escrevo "99%" porque existe 1% que sacou a realidade e soube se adaptar aos novos tempos, entendendo que, ao contrário do que acontecia no passado - quando as bandas faziam uma turnê para promover um disco -, hoje um artista faz um disco para promover a turnê. Uma delas é o Kiss. Contrariando todos os prognósticos, o grupo lançou recentemente um ótimo disco de estúdio, Sonic Boom, que está vendendo horrores no Estados Unidos e é um dos campeões de importação em todo o mundo. E o que eles fizeram para que isso acontece em um tempo em que ninguém mais quer saber de comprar discos?
E escrevo "99%" porque existe 1% que sacou a realidade e soube se adaptar aos novos tempos, entendendo que, ao contrário do que acontecia no passado - quando as bandas faziam uma turnê para promover um disco -, hoje um artista faz um disco para promover a turnê. Uma delas é o Kiss. Contrariando todos os prognósticos, o grupo lançou recentemente um ótimo disco de estúdio, Sonic Boom, que está vendendo horrores no Estados Unidos e é um dos campeões de importação em todo o mundo. E o que eles fizeram para que isso acontece em um tempo em que ninguém mais quer saber de comprar discos?
A estratégia é simples. Os donos da banda - Gene Simmons e Paul Stanley - perceberam que não adiantava fazer um disco que agradasse à molecada, que isso seria um suicídio comercial, já que o pessoal iria fazer a festa na hora de baixar o disco de graça. O que os caras fizeram? Resolveram agradar aos fãs antigos, um enorme contingente de admiradores espalhados pelo planeta, que acompanha a banda desde os anos 70. E o mais importante: gente fanática, já estabelecida na vida, com grana para comprar não apenas o disco, mas todos os produtos relacionados a ele, como uma versão tripla, contendo o álbum, mais um CD com regravações de antigos clássicos da banda, e mais um DVD, contendo o show que a banda apresentou no início do ano na Argentina.
A começar pela capa, que remete a um dos mais significativos discos de sua carreira (para mim, o melhor), que é o Rock And Roll Over (de 1975) - os baba-ovos de Destroyer, um dos discos mais mal gravados da história, que chiem à vontade. Depois, Simmons e Stanley, juntamente com os outros dois (contratados) integrantes - o guitarrista Tommy Thayer e o batera Eric Singer -, elaboraram um punhado de canções muito boas, sem espaço para qualquer tipo de balada. Nada de canções meladas, tipo "Forever" e outras porcarias. Só rockões pesados, recheados com guitarras distorcidas, riffs mastodônticos, baixo "gorduroso" e bateria monolítica.
Aliás, isso não poderia ser feito se Thayer e Singer não entendessem qual era a jogada. É por isso que o guitarrista imita descaradamente todos os clichês dos solos eternizados por Ace Frehley, principalmente em "Modern Day Delilah", faixa que poderia muito bem ter sido incluída no Revenge (veja a banda tocando-a ao vivo no programa do David Letterman (clique aqui). A cadenciada "Russian Roulette", cantada com certo tédio por Gene Simmons, mostra como Singer foi uma escolha acertadíssima, incutindo dinâmicas e viradas perfeitas dentro do arranjo - algo que ele faz com perfeição não apenas nas outras faixas do disco, mas em qualquer coisa que toque.
Aliás, isso não poderia ser feito se Thayer e Singer não entendessem qual era a jogada. É por isso que o guitarrista imita descaradamente todos os clichês dos solos eternizados por Ace Frehley, principalmente em "Modern Day Delilah", faixa que poderia muito bem ter sido incluída no Revenge (veja a banda tocando-a ao vivo no programa do David Letterman (clique aqui). A cadenciada "Russian Roulette", cantada com certo tédio por Gene Simmons, mostra como Singer foi uma escolha acertadíssima, incutindo dinâmicas e viradas perfeitas dentro do arranjo - algo que ele faz com perfeição não apenas nas outras faixas do disco, mas em qualquer coisa que toque.
"Never Enough" é absurdamente identificada com a sonoridade que a banda tinha nos anos 70, com refrão fácil de lembrar, clima de festa no groove de Singer e nos riffs das guitarras, além de vocais entusiasmados da parte de Stanley. O mesmo tipo de conceito sonoro acontece em "Yes I Know (Nobody's Perfect)", em que Simmons canta com mais vontade, e em "Stand", uma prima-irmã de "C'mon And Love Me". "Hot And Cold" é daquelas canções boas para se ouvir dirigindo o carro, além de trazer acordes de guitarra que exibem uma velha obsessão de Simmons e Stanley: plagiar faixas do disco Undercover, dos Rolling Stones - preste atenção à base e veja como ela soa como "Undercover Of The Night", assim como o riff da conhecida "Let's Put The X In Sex" foi descaradamente roubado de "It Must Be Hell".
Plágios à parte, "All For The Glory", cantada por Eric Singer, tem uma vibe meio Iggy Pop, enquanto "Danger Us" foi construída com uma variação muito mais acelerada do riff de "God Of Thunder", estabelecendo uma simbiose interessante com as ótimas "setentonas" "I'm An Animal", "When Lightning Strikes" (bem cantada por Thayer) e "Say Yeah".
Se você ficou curioso em ouvir as músicas novas, saiba que a banda mandou retirar todos os samples individuais disponíveis no YouTube. Mesmo assim, dá para sacar as canções nos vídeos que Stanley e Thayer gravaram, explicando como surgiu cada faixa (veja a primeira parte aqui e a segunda aqui e uma geral no disco aqui).Pense bem: os caras foram ou não muito espertos?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário