quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ENTREVISTA COM ADRENALIZE

No dia 30 de Novembro postei matéria sobre a banda Adrenalize (foto), cujo álbum homônimo é uma bela coleção do mais tradicional AOR/Melodic Rock. No mesmo dia, entrei em contato com Mário Ross e acertamos uma entrevista, a qual lhes trago, agora, na íntegra:

01. Vamos começar com o básico: como os integrantes da banda se conheceram?

Mário: O André foi através de um anúncio e o Mauricio, indicação de um amigo em comum.

02. Em meio aos belos álbuns de bandas brasileiras que foram lançados em 2009, o da Adrenalize é o único cantado em português, o que o diferencia dos outros. A idéia era essa desde o início ou foi algo que mudou durante as gravações?

Mário: Sim, desde o início. Sempre gostei do rock nacional e me mantive criterioso com relação as letras, seguindo as grandes bandas daqui. Outro fator é que, só em português o rock terá seu espaço aqui. Vale levantar a bandeira!

André: Acho que muitas bandas nacionais gravam em inglês porque acreditam ter alguma chance no mercado internacional. Há chances? Acredito que sim, porém são poucas. É só analisar bandas de outros países que não sejam americanas ou inglesas. Alguem jáviu por exemplo, uma banda de rock ucraniana cantando em inglês que tenha um sucesso internacional?...rs. Por isso optamos a explorar o mercado nacional.

Maurício: Bom nós estamos em terras tupiniquins, então nada melhor que o bom e velho Português. A banda vai por esse caminho pois as pessoas gostam de cantar em na sua língua nativa, e já era essa de Rock bom ser em inglês acho que isso é um tabu ultrapassado. Rock de verdade em bom Português é o que precisamos no Brasil.

03. É fato sabido que bandas que não cantam em inglês dificilmente emplacam internacionalmente, especialmente no cenário do rock (o cenário pop é bam mais tolerante nesse aspecto). A Adrenalize pretende se arriscar em outros mercados ou quer se consolidar no Brasil?

Mário: Nunca pensamos em nada lá fora. O interessante é que nosso álbum foi postado em muitos sites estrangeiros, para nossa surpresa.
André: Exatamente, já há uma grande dificuldade, por exemplo, de uma banda iniciante americana conquistar o mercado internacional. Imagine então uma banda brasileira, por isso mesmo, queremos é detonar aqui nesse país.

Maurício: Acho que começando pelo Brasil e seu vasto mercado está certo que será um bom começo. Se vierem propostas de fora por que não?, o Brasil lá fora está bem visto e começa o interesse nas bandas aqui do País.

04. O ano de 2009 foi excelente para o AOR/Melodic Rock, com uma avalanche de bons álbuns - incluindo alguns grandes retornos ao cenário - e, principalmente, alguns excelentes trabalhos de bandas brasileiras que começam a marcar presença no universo dos bons sons. Qual a expectativa em relação às bandas nacionais nesse mercado tão competitivo?

Mário: O legal do músico brasileiro é a versatilidade, tocamos de tudo aqui se for analisar. Mesmo um estilo que não está em evidência, tem muitas bandas que o faz como se fosse pioneira.

André: Eu não sei, falam muito do cenário do rock no Brasil, mas se você for ver, não existe cenário algum. Não vejo nenhuma banda de hard rock brasileira tocarem nas radios ou na tv. Na verdade existe um cenário underground, por isso estamos empenhados a alavancar o rock no Brasil, fazendo com que outras bandas no estilo sigam com a gente.

Maurício: Queremos estar nesse mercado competitivo , espaço tem pra todas as bandas, cada uma com seu "tempero", estilos e maneiras novas de tocar.Muitas pessoas gostaram e se surpreenderam com o nosso som, visto por comentários nos canais oficiais da banda e em outras matérias na internet. É seguir em frente e construir juntos uma história.

05. No myspace da banda, há uma referênca ao Def Leppard, cujo álbum "Adrenalize" teria inspirado o nome da banda. Quais são as influências de vocês?

Mário: Exato, "abrasileiramos" o nome. Onde ficou um nome bem característico para uma banda com o nosso tipo de som. Quanto as minhas favoritas, diria, Thin Lizzy, Kiss, Van Halen, Starship, Def Leppard e Journey.

André: O que é legal nisso é que apenas quem conhece o Def Leppard, associa o nome de nossa banda com o álbum do Def Leppard. Que não conhece, não tem idéia de que o nome de nossa banda surgiu desse álbum, e acabamos cm isso, atingindo outros públicos que não seja só o de hard rock. Quanto as minhas influências, são: Van Halen, Mötley Crüe, Aerosmith, AC/DC, Kiss, Scorpions, e por aí vai.

Maurício: Com certeza essa inspiração veio daí, mas as influencias vão de Ultraje a Rigor, Raul Seixas, Camisa de Vênus, e alguns gringos como Bon Jovi, Scorpions, Queen, Aerosmith, entre inumeras outras influências.

06. O álbum "Adrenalize" foi lançado de maneira absolutamente independente, estratégia adotada por inúmeros artistas mundo afora. É inegável o poder de divulgação de uma ferramente como a internet, mas não existe nada como os shows. A próxima apresentação de vocês é no dia 20/12...a banda pára no final de ano ou entra em 2010 na estrada?

Mário: Pois é, muitas gravadoras nem estão fabricando mais CD. E quanto ao show do dia 20, tocaremos num festival "específico" de Hard Core! Vamos ver como isso vai rolar...(risos). Mas sim, 2010 a prioridade serão os shows, sem dúvida.

André: CD? O que é isso mesmo?...rs. Hoje em dia ninguem compra mais CD's. Não conheço um amigo meu que ainda compra essa bolachinha ultrapassada...rs. Falando de Shows, esse festival de hardcore que tocaremos dia 20/12, será interessante, pois queremos conquistar todo o tipo de público e sem preconceitos.

Maurício: Sem dúvida o mercado mudou e algumas das mudanças são boas outras nem tanto.Mas sem dúvida a democratização desde um instrumento musical que é fabricado no Brasil ou ate as horas de gravação de um estúdio ficaram mais acessiveis.Muitas bandas podem gravar e divulgar sem ter que esperar um contrato de gravadora.Show em 2010 é prioridade na divulgação do trabalho e vamos cair na estrada! 

07. Apesar de ser independente, gostei muito da produção do álbum (méritos à Fábio Lopes), mas o que mais me chamou a atenção foi a participação de Roger Moreira, do Ultraje A Rigor. Como surgiu a idéia de incluí-lo no projeto?

Mário: Sou grande fã do Ultraje e tenho contato com o Roger desde meus 11, 12 anos de idade! Cheguei abrir show deles e sonhava com esse, até então, possível registro gravado com o Roger. Nessa primeira experiência em estúdio foi a oportunidade perfeita. E o Roger foi bastante atencioso.

08. A canção "Perdendo O Controle" é uma das que mais me agradaram no álbum. A letra é autobiográfica? Hahahaha...

Mário: Sim, e continua sendo! Hahaha...Foi um mix bem interessante. Tocando em casa, saiu o riff dela num estilo blues, que depois passei pra essa pegada Hard. Depois veio a melodia do canto, do refrão, mas não tinha letra, nem um tema, só a idéia de escrever algo que eu estava passando (e todo cara passa ou já passou) com uma garota. Sabe, aquela coisa de estar afim, mas negar a todo custo rs.Agora a curiosidade, assistindo um dvd de um show do Scorpions, a música "You and I", logo no começo dela: "I lose control - because of you, baby"...Na hora coloquei esse tema na pauta! hahaha

09. Como está o cenário Melodic Rock em São Paulo?

Mário: Bom, estamos vivendo um paradoxo terrivel, aqui em São Paulo, pelomenos. Estamos recebendo mais convites de festivais e casas não especificamente do nosso estilo, do que as "tais" que tocaria nosso som. Não só pelo cenário cover, mas pela falta de interesse, digamos, financeiro dessas casas em propagar coisa nova. Isso infelizmente pode levar a uma extinção ou parada no tempo.

André: Bom, de novo voltamos a falar em cenário. Não há cenário, as casas de São Paulo só pensam em bandas covers e isso não é culpa das casas e sim do público de rock que não prestigiam coisas novas e o rock nacional. Quando penso em cenário, penso em algo grande, que está acontecendo, um movimento que está na boca do povão, que está rolando na midia. Movimentos como aconteceram nos EUA e na Inglaterra.

Maurício: Acho que em Sào Paulo existem boas casas e bares para se tocar, mas o problema é que preferem um Cover específico, e já possui um público e tal. Banda com o som próprio tem de fazer "o caminho das pedras" e divulgar, divulgar e isso custa dinheiro talvez falte esse interesse das casas em são Paulo. Esta aí um recado vamos abraçar as bandas novas de Melodic Rock em São Paulo!!!

10. No próximo dia 31, vou publicar aqui uma lista com os 10 melhores álbuns de 2009, de acordo com a moçada que visita a casa. Já recebi uma montanha de listas e gostaria que vocês deixassem aqui dez álbuns que foram relevantes prá vocês em 2009.

Mário: Bom, vamos tentar chegar num comum acordo aqui:
1 - Adrenalize - Adrenalize (por questões de marketing rs)
2 - Danger Danger - Revolve
3 - Journey - Revelation (embora tenha sido 2008, foi um dos que mais ouvi esse ano)

André: Acho que o único álbum relevante de 2009 foi o "Revolve" do Danger Danger, depois de 1993 houve pouca coisa interessante na música. Poderia citar outros de bandas que gosto, mas como me decepcionaram com álbuns toscos, não vale a pena citar.

Maurício:
1- Kiss - Sonic Boom
2- Iggy Pop - Préliminaires
3- Mötley Crue - Saints of Los Angeles

Agradeço imensamente a participação do vocalista/guitarrista Mário Ross, do baixista André Chasseraux e do batera Maurício Abecia. Agradeço ainda mais a disponibilidade de vocês em me conceder essa entrevista. Em um ano repleto de boas novidades, a Adrenalize chega forte e torço para que 2010 seja, definitivamente, o ano em que o Brasil abrirá suas portas ao AOR/Melodic Rock que tano curtimos. Um grande abraço aos amigos, e a casa está à sua disposição.

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