sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

RECOMENDAÇÃO DA SEMANA

O norte-americano Mark Spiro é uma lenda no universo AOR. Tendo assinado canções para gente do calibre de REO Speedwagon, Mr. Big, Heart, Cheap Trick, Kansas, Winger, Giant, Bad English, John Waite e Julian Lennon – entre muitos outros – o cara não precisa provar nada prá ninguém. Além disso, você deve saber da história de que ele seria o vocalista original para o Giant e isso já deve servir como garantia de qualidade para os desavisados. Com nove álbuns lançados (isso se você considerar o inédito e xarope “The Spiro Tapes”, de 1984, o raríssimo e regular “Show Me The Magic” de 1985 e o horroroso “In Stereo”, de 1986) seu nome se consolidou como um dos maiores no universo dos bons também como vocalista, apesar de sua voz ser bastante limitada, mas ele sabe como fazer uso dela. Escolhi esse “The Stuff That Dreams Are Made Of” porque foi um álbum bastante marcante prá mim, já que não sabia de seu lançamento quando o encontrei em uma loja!!! E que álbum é esse...

O álbum abre com “I’ll Be There”, um AOR contagiante com camadas precisas de guitarras e um órgão quase inaudível ao fundo. Essa canção mostra logo de cara a estrutura do material que Mark Spiro compõe: as melodias se mantém em constante evolução – mesmo nas bridges – e explodem em refrões marcantes. Prova disso é “Love In A Western World”, um mid-pacer que te carrega por versos suaves e descamba num refrão bem bacana. Essa canção foi escrita e gravada pelo Heart para o álbum “Brigade", mas por algum motivo acabou de fora da edição final do álbum. Outra canção que merece destaque é a excelente “Can You Hear The Night?”, uma das melhores canções do álbum, na minha opinião. Usando um loop na bateria e baixo em primeiro plano, as guitarras desfilam discretas até mesmo no refrão, e a métrica dessa canção é muito bacana também. Vale a pena ser ouvida no limite do juízo!!!

A bacana “Fire And Water” é outro mid-pacer com versos mais suaves, mas o refrão revela guitarras e bateria pesadas que apresentam o contraponto necessário prá destacar essa canção. Não muito diferente dela – melodicamente falando – é “Halflight”, outro mid-pacer e outra pancada sonora com métrica e andamento perfeitos. Duas guitarras – acústica e elétrica – desfilam pelos versos costurando a melodia que explode num refrão daqueles!!! Te desafio a ouvir essa canção sem cantarolar o refrão logo na primeira audição...hehehe. Já “The Rhythm Of Your Soul” abre com a base de guitarra arrastada e bem bacana, mostrando que outro AOR se aproxima, e não demora muito pro refrão – sempre eles – te levar às nuvens com as tradicionais melodias bem construídas que você já conhece. Grande canção, outro destaque.

E aí chega “Rain In Her Heart”, um mid-pacer arrasador e absolutamente contagiante. O trabalho das guitarras é espetacular – como não poderia deixar de ser – e a melodia, oh my God!, é perfeita. O andamento e métrica empregados aqui são de uma precisão incrível e o resultado de tudo isso é uma canção poderosa e marcante, pode apostar. Segue-se “Vendetta” com sua guitarra gritante logo na introdução e arranjo que privilegia o baixo – em primeiro momento – seguido pela guitarra, como sempre. O refrão também é bacana e apesar de não ser o supra-sumo do cocô do cavalo do bandido, é uma canção violenta. Em “Back To The Promised Land” – canção regravada pelo Giant com o nome de “Promised Land” para seu próximo álbum – temos outro mid-pacer com uma avalanche de guitarras – mas não em excesso – e vocais muito bem postados, tudo emoldurado pela melodia certeita e arranjo idem.

E como é dificílimo encontra um álbum 100% perfeito, responsabilizo “Can’t Take That Away” pelo furo nesse álbum. Apesar de seguir a mesma receita das canções anteriores, acho o refrão frouxo nessa canção e a variação melódica imposta no final dele não me agrada. Enfim, opiniões variam, mas essa é a minha, mas não quer dizer que esteja certa. Você vai ter que ouvir e concordar ou discordar em seguida. Tudo volta à normalidade com o mid-pacer “I Made It So” e sua linha de bateria bastante discreta, pontuada pelo baixo e guitarra delicada que se mantém assim mesmo no refrão, o que confere um contraste com o vocal mais ápero – mas muito bem postado. Belo som, com toda certeza. E chega “Pray For Rain”, um mid-pacer soturno que traz as venenosas guitarras de Dann Huff e Michael Thompson disputando sua atenção num arranjo que não destaca nenhuma delas em especial. O refrão é um desbunde de first class AOR de arrepiar o sovaco do morcego, meus amigos. Ouça no volume máximo e aproveite “The Palm Of Your Hand” que apresenta versos mais tranqüilos até o refrão que, como de costume, empolga bastante, mas sejamos francos, não é nenhuma pérola.

Esse é apontado por muitos como o melhor álbum de Mark Spiro mas vários fãs preferem seus dois trabalhos anteriores. Levando em conta que as canções trazem co-autores como Dann Huff, Michael Thompson, Tim Pierce, Michael Dan Ehmig, Martin Briley, Don Barnes (do 38 Special) e Jim Vallance é provável que seja mesmo. Mas os guitarristas já haviam desempenhado essa mesma função em álbuns anteriores. Confesso ter dificuldade em escolher apenas um representante para ilustrar sua genialidade como compositor e, por isso, ficaria mais a vontade escolhendo um série de canções. E tenha certeza que dessa lista, muitas canções sairiam desse álbum aqui. Material altamente recomendado, especialmente para os apreciadores mais puristas do AOR.

MARK SPIRO – The Stuff That Dreams Are Made Of
Released in 1999 on MTM Music
Cat# 199647

Tracklist
01. I'll Be There
02. Love In A Western World
03. Can You Hear The Night ?
04. Fire And Water
05. Halflight
06. The Rhythm Of Your Soul
07. Rain In Her Heart
08. Vendetta
09. Back To The Promised Land
10. Can't Take That Away
11. I Made It So
12. Pray For Rain
13. The Palm Of Your Hand


Musicians
Mark Spiro - vocals, keyboards, programming
Dann Huff - guitars
Michael Thompson - guitars
Tim Pierce - guitars

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