segunda-feira, 3 de maio de 2010

EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM JOHN PARR

Se você curte AOR, certamente conhece John Parr (foto). E se você também curte trilhas sonoras - mais especificamente dos anos 80 - aí não resta dúvida alguma de que conhece esse cara. Com poucos álbuns lançados - mas todos com muita qualidade - ele se tornou nome recorrente no meio AOR desde 1984, seja como intérprete, seja como produtor. Nessa entrevista falamos sobre o início da carreira, as canções em trilhas sonoras, a produção do primeiro álbum da Romeo's Daughter, seu novo álbum e mais. Enjoy...

01. Em 1983 você foi contratado pela editora Carlin Music, e Meat Loaf lhe pediu algumas canções. Logo depois disso você foi contratado por John Wolfe – na época, empresário do The Who – quando a banda estava prestes a se separar e ele precisava de um novo artista.As coisas acontecem dessa maneira com você, digo, estar no lugar certo na hora certa?

John Parr:
Eu acho que a sorte desempenha um grande papel no caminho para o sucesso, mas eu também acho que você deve estar preparado para aproveitar as oportunidades. Eu trabalhei muito tempo sem sucesso algum e quando ele chegou, dei tudo de mim.

02. Seu primeiro album - de 1984 – tem canções bastante sólidas, mas “Naughty Naughty” chegou ao #1 hit no Hot Mainstream Rock Tracks e #23 no Billboard Hot 100, em 1985. Nada mal para o primeiro single…

John Parr:
“Naughty Naughty” não estava nem composta quando começamos os ensaios para a gravação do álbum - ela era uma idéia que usávamos no warm up – e depois começamos apesar como mesclar rock e digital sampling. Eu tinha todos esses sons na minha cabeça. Os Bee Gees moravam na mesma rua do estúdio em Miami e eles me emprestaram seu Fairlight (um excelente sampler digital) e o resto, como dizem, é história.

03. Ainda, o álbum inclui “Magical” (composta em parceira com Meat Loaf), outro single a figurar no Billboard Hot 100. E eu gusto muito de "Somebody Stole My Thunder" e "Don't Leave Your Mark On Me".

John Parr:
Nós escrevemos “Magical” enquanto estava hospedado na casa de Meat Loaf ao norte do estado de New York. As letras são dele, a melodia é minha. Nós deveríamos ter escrito mais canções ao longo de nossas carreiras. Já "Somebody Stole My Thunder" é sobre o roubo de uma de minhas canções. Essa canção roubada foi um tremendo hit (e não, não citarei nomes…hehehe).

04. Ainda em 1985, você participou da tour do Toto nos U.S.A. e, ao final dessa tour, David Foster lhe procurou pedindo uma canção. O resultado foi “Man In Motion”, rebatizada de “St. Elmo’s Fire” para se adaptar ao título do filme. Outro hit #1 hit mas, dessa vez, em nível mundial. É correto dizer que esse é seu maior hit, a canção pela qual você sempre sera lembrado?

John Parr: Não me importo se as pessoas se lembrarem de mim por essa canção apenas, mas eu sempre tentarei produzir material novo. Minha ética de trabalho e meu apetite em conquitar terreno está mais forte do que nunca.

05. Ainda em 1985, você gravou “Rock’n Roll Mercenaries”, um dueto com Meat Loaf. Apesar de não ter sido um grande sucesso, eu gosto muito dessa canção, especialmente as guitarras…

John Parr: Nós gravamos acanção na Alemanha com Frank Farian. Nos divertimos muito e concord que é uma canção bastante forte e que merecia mais espaço nas rádios do que ela teve.

06. Em 1986 você gravou "Two Hearts", uma de minhas canções favoritas de todo o seu catálogo. Essa canção foi tema do filme “American Anthem” e também foi incluída no álbum "Running The Endless Mile", se segundo álbum solo. Desse trabalho eu destacaria "Do It Again", "Blame It On The Radio" e, é claro, "Two Hearts" e a faixa-título. E apesar de o album não ter emplacado nas paradas, eu considero esse álbum tão bom quanto o primeiro.

John Parr: Depois de todos esses anos as pessoas parecem ter descoberto que o Segundo album tem mérito. Eu dei tudo de mim. Sou um artista muito versátil e e acho que nos anos 80 queriam que eu fosse apenas um roqueiro com roupas de couro. A propósito, "Two Hearts" era a canção favorite de meu pai.

07. Existe um boato de que "St. Elmo’s Fire" deveria ter sido incluída nesse segundo album, mas por algum motivo, acabou sendo deixada de fora, o que pode ter limitado sua vendagem. Existe alguma verdade nisso?

John Parr:
Nenhuma verdade. Ela deveria ter sido incluída no primeiro album apenas na versão americana, mas a Atlantic Records não achou boa idéia. Mas hey, o que são alguns milhões perdidos em vendagens, entre amigos…

08. Ok, vamos em frente. Eu ainda me lembro quando morava no Canadá – mais precisamente, em Janeiro de 1988 – e fui ao cinema assistir "The Running Man", com Arnold Schwarzenegger. Ao final do filme, uma canção começou a tocar e me chamou a atenção e no final da primeira frase eu olhei para meu amigo e disse "Isso é John Parr!". E que grande canção "Running Away With You (Restless Heart)" é, John. Típico AOR 80’s que se encaixa perfeitamente com sua voz. Como você se envolveu com a gravação para essa trilha sonora?

John Parr:
Harold Faltermeyer (que produziu trilhas para Top Gun e Beverly Hills Cop, entre outros) me convidou para ir até a Alemanha para trabalhar com ele nesse projeto. Também gravei um video muito bacana com Arnold.

09. E o single tinha "Crystal Eye" como b-side, um AOR arrasador! Que canção, John...é uma das minhas favoritas!

John Parr:
Ela havia sido escrita para um filme que tinha como estrela a esposa de Richard Marx, mas a canção acabou ficando de fora.

10. Ao longo dos anos 80 você fez parte de inúmeras trilhas sonoras, sempre com excelentes canções. O belíssimo dueto com Marylin Martin na canção "Through The Night" – do filme "Quicksilver" – é uma das minhas favoritas, mas a excelente "The Minute I Saw You" – do filme "Three Men And A Baby" – e "Always On My Mind" – do filme "Butterbrot", feito para a televisão alemã – também merecem destaque. Há muito tempo seus fãs esperam por uma coletânea com as canções que você gravou para essas trilhas sonoras. Alguma chance de vermos isso no futuro?

John Parr:
Eu acho que é uma boa idéia. Algumas dessas canções foram mixadas apenas em 5.1 para os filmes, mas nunca em estéreo, o que é uma pena porque acredito que algumas delas terial feito tanto sucesso quanto "St Elmo's Fire". Talvez eu grave novas versões..."John Parr At The Movies"...hehehe.

11. E ainda nos anos 80’s, você participou de tours com Tina Turner, The Beach Boys, Heart e Bryan Adams, com quem você fez um concerto memorável no Canadian Exhibition Center, tocando para cerca de 75,000 pessoas. Esse foi seu maior show até hoje?

John Parr:
Sim, o maior até hoje. Eu toquei com Bryan no ano passado em minha cidade natal e nos divertimos muito. Tina é, sem dúvida, a maior artista que já vi, uma grande mulher.

12. Em 1989 você trabalhou com Robert John “Mutt” Lange e co-produziu o primeiro álbum da Romeo’s Daughter. Você também é co-autor de algumas canções e aquele álbum é apontado como um legítimo clássico AOR. Que lembranças você tem daquele período?

John Parr:
Mutt e eu achávamos que eles iriam estourar, tudo estava a favor deles. Nós experimentamos algum sucesso com eles, mas a banda merecia muito mais. Trabalhar com Mutt foi um dos grandes momentos da minha vida; ele é o cara.

13. Você levou seis anos para lancer o album que sucedeu "Running The Endless Mile", mas na minha opinião, "Man With A Vision" valeu a espera. Um álbum AOR absolutamente coeso que, me atrevo a dizer, é seu melhor trabalho até agora…

John Parr:
Eu realmente acreditei naquele álbum que, na verdade, era uma coleção de demos de alta qualidade, com exceção de "Restless Heart". Eu gostaria de poder ter trabalhado com Mutt Lange ou David Foster naquele álbum, mas não era para ser.

14. Eu coloco "It's Startin' All Over Again" e "Ghost Driver" entre suas melhores canções, mas, "Bedtime Story" , "Sarah" e "Man With A Vision" também são arrasadoras…

John Parr:
Eu concordo absolutamente com você. A dor de elas terem sido ignoradas ainda vive em mim. Entretanto, Tom Jones fez uma cover de "Killer On The Sheets".

15. Em 1996 você lançou "Under Parr", um album que surpreendeu os fãs que esperavam um álbum AOR, mas ao invés disso, o material é mais direcionado ao AC Rock. Apesar de boas canções como a envolvente "Family Tree", o album passou quase despercebido. O que o levou a uma mudança tão drástica em relação ao seu estilo?

John Parr: Eu acho que tinha perdido minha veia rocker. Deixei que outros guitarristas fossem usados e deixei a coisa toda rolar e apenas produzi o álbum. Com isto posto, considero "Time" e "Secrets" algumas de minhas melhores canções.

16. Em Junho de 2008 você tocou no Hammersmith Apollo como convidado do Journey. Como foi estar no palco com uma das maiores bandas do cenário AOR?

John Parr:
Em 1985 eu fiz uma tour com o Toto, provavelmente os músicos mais famosos na época. Eles assitiam meus shows e vibravam muito. Era uma sensação muito boa ser reconhecido por colegas de profissão. E 23 anos depois o Journey fez o mesmo. Colegas de longa data como Jimmy Page e Chris Squire também estavam no Hammersmith naquela noite, e ela marcou meu retorno e me deu confiança para continuar. Tanto o pessoal do Journey quanto do Toto estão entre as melhores pessoas que conheci. O mais próximo que você chega nesse negócio é de pessoas boas. Nenhum deles tem ego…

17. Você terminou recentemente uma tour (em 17/04/10). Como foi? Onde você tocou?

John Parr: Eu terminei uma tour tocando em teatros no U.K. tocando sets acústicos e me diverti muito. Não tem onde se esconder quando, no palco, estão só você o um violão. O ultimo show foi em Hull, e toquei e cantei da melhor maneira desde meu retorno. Acredito que se insistirmos nas coisas elas acabam acontecendo.

18. No dia 30 de Abril você tocou em um tributo a Dave Kilner, na prefeitura de Sheffield. E também tocaram Joe Elliott e Rick Savage (do Def Leppard), entre outros. Dave Kilner era uma personalidade do radio em Sheffield e estava profundamente envolvido em ações de caridade. Gostaria que você falasse um pouco sobre ele...

John Parr: Dave era um herói para mim na época. Ele era um incentivador dos talentos locais e sempre apoiou gente como o Def Leppard e eu. Na última vez em que toquei com o Def Leppard, Dave compareceu ao show. Acredito que ele esteve lá em espírito. Que Deus o abençoe.

19. E você mesmo esteve envolvido em ações de caridade com a David Foster Foundation, não?

John Parr:
Eu estive lá virtualmente desde o começo com David. Muita gente emprestou seus talentos e deram apoio ao longo dos anos, gente como John Travolta, Michael Bublé, Celine Dion, Lee Majors, Michael J. Fox. É uma grande instituição que ajuda famílias de crianças que necessitam de algum tipo de transplante.

20. E quais são os planos para John Parr a partir de agora? Podemos esperar por um novo álbum em breve?

John Parr: Eu terminei recentemente as gravações de "Somewhere In Yorkshire", meu novo álbum. É um album meu, mas também serve à um projeto comercial também. Eu estou gravando mais material e devo lançar um novo álbum no início de 2011. Também estou produzindo novos artistas e escrevendo canções para outros tantos. É ótimo estar de volta à ação.

John, eu gostaria de agradecer novamente por atender tão prontamente ao meu pedido. É sempre uma honra ter a oportunidade de falar com alguns dos maiores nomes do universo AOR, e estou feliz por ter tido a chance de falar com você. Espero ter novidades suas em breve e as portas da AORWatchTower estão sempre abertas à você. Rock on...

John Parr: O prazer foi todo meu. Você certamente sabia do que estava falando e estou tocado por suas gentis palavras. Desejo o melhor à todos vocês.

5 comentários:

Anônimo disse...

Excellent and great interview!!!

and very nice words from the man himself.

Can you try to aim for an interview with the heartthrob Tim Feehan?

Juba.San disse...

It's already in the works Adriana, but the man's hard to find...hehehe.

Anônimo disse...

Yes I believe so, otherwise I would have done it myself.

Don't forget Jimi Jamison and most of all Cliff Magness. If you do score any interviews with these three, then you can bet I will come to Brazil as soon as I can, and on a one way journey!!!!!

cdsef disse...

Excelente entrevista Juliano. Muito legal saber um pouco mais sobre grandes músicas que marcaram as trilhas sonoras de filmes dos anos 80. John Parr é um gênio !!!

TL disse...

Entrevista perfeita! Muita informação rara que a gente só poderia encontrar aqui. Parabéns! John Parr é sem dúvida um dos meus artistas de AOR prediletos.

Abs

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