Se eu anunciasse que recomendaria um álbum do The Storm, certamente a maioria de vocês esperaria o primeiro álbum. Mas confesso que curto um pouco mais esse segundo trabalho. Talvez porque “Eye Of The Storm” (que apresentava duas versões da capa, uma nos U.S.A. e outra na Europa e Japão) mantenha uma linha mais uniforme, mesmo correndo o risco de soar repetitivo, e essa impressão pode surgir em alguns momentos. Contando com a presença de Ron Wikso na bateria – no lugar do insubstituível Steve Smith – e dos veteranos Nigel Green e Bob Marlette na produção, a banda manteve seu AOR de altíssima qualidade ao longo das doze canções que compõe esse álbum. Se você ainda não conhece esse material, prepare-se para uma bela surpresa...
O álbum abre com “Don’t Give Up”, um AOR daqueles que impõe respeito desde a introdução onde guitarras e teclados surgem lado a lado. A melodia é absurdamente contagiante e o andamento da canção favorece – e muito – o monstruoso vocal de Kevin Chalfant, que é acompanhado por backing vocals excelentes. Em seguida surge “Waiting For The World To Change”, uma baladaça que, se não traz nada de novo, segue a cartilha que dita todos os elementos que esse tipo de canção precisa: a alternância de métrica entre versos e refrão e melodia eficiente. Tudo isso está incluso nessa bela canção que privilegia as guitarras, mas que não se esquece dos teclados. Já “I Want To Be The One” é daqueles radio-friendly AOR que só se ouvia na década de 90 mesmo. O baixo de Ross Valory dita o compasso que é acompanhado de perto pelos teclados de Greg Rolie, o que confere um brilho á melodia que já era excelente por si só. Grande momento do álbum...
A bacana “To Have And To Hold” é outra balada bem tradicional – até mais que a anterior – e que cumpre seu papel, mas não é nada inovadora. Já em “Livin’ It Up” a banda retorna ao caminho mais rocker, mas o resultado não é tão bom quanto em momentos anteriores. Cabe destacar, entretanto, a alternância dos vocais de Kevin Chalfant e Greg Rolie, o ponto mais forte da canção. Com mais brilho e sonoridade mais familiar, a ótima “Love Isn’t Easy” chega prá resgatar sua fé no álbum e consegue isso sem muito esforço. A melodia desse mid-pacer é muito bacana, as guitarras e teclados muito bem colocados e Chalfant e Rolie, novamente, intercalam os lead vocals dessa bela canção que vale a pena ser ouvida no volume máximo.
A guitarra de “Fight For Your Right” já indica: essa canção será uma das melhores desse álbum. E não é que é mesmo?!?!? Um exemplar do mais tradicional AOR, repleto de guitarras e teclados, tudo isso amarrado pela melodia mais que contagiante e por vocais – e backing vocals – simplesmente perfeitos. Ouça essa canção no volume máximo; seus vizinhos lhe agradecerão depois...hahaha. Outro mid-pacer bem bacana é “Give Me Tonight”, cuja melodia não é tão óbvia quanto a de outras canções, e o arranjo é muito bem construído, e o mesmo ocorre em “Soul Of A Man”, mas nessa última canção talvez um approach um pouco mais hard surtisse efeito mais satisfatório. Enfim, opinião pessoal apenas...
Na reta final, “What Ya Doin’ Tonight?” desponta como a balada mais bacana, e a melodia é a grande responsável por esse destaque. A métrica é perfeita, andamento e compasso certeiros e a interpretação dos vocalistas somam-se naturalmente, e é essa soma que resulta nesse bela canção. Outro radio friendly AOR surge em “Come In Out Of The Rain” e, mais uma vez, o resultado é muito positivo, especialmente no que tange a melodia (mais uma vez!) e as guitarras e teclados, sempre muito bem postados ao longo do álbum. Essa é outra faixa a ser ouvida no volume máximo, e da mesma maneira, recomendo a excelente “Long Time Coming” que fecha o álbum. Um mid-pacer de muito bom gosto, com a guitarra fazendo a base em conjunto com os teclados e onde a bateria e baixo ocasionalmente surgem, até que todos se juntam e produzem um refrão explosivo, mas com backing vocals mais suaves. Uma mistura que deu muito certo e que, certamente, vai te agradar também.
Em resumo: esse álbum segue uma linha muito semelhante à do primeiro álbum do The Storm, mas dessa vez a banda não inventou nada e nem se arriscou por territórios diversos daquele ao que o álbum se propôs. A produção é excelente – e não podera ser diferente – e o conjunto de canções é bastante coeso, mesmo que alguns prefiram chamá-lo de redundante. Um belíssimo álbum que merece estar na coleção de qualquer amante dos bons sons. Altamente recomendado...
THE STORM – Eye Of The Storm
Released in 1995 through Miramar Recordings (U.S. Edition)
Cat. #09006 23102-2
Tracklist
01. Don't Give Up
02. Waiting For TThe World To Change
03. I Want To Be The One
04. To Have And To Hold
05. Livin' It Up
06. Love Isn't Easy
07. Fight For The Right
08. Give Me Tonight
09. Soul Of A Man
10. What Ya Doing Tonight?
11. Come in Out Of The Rain
12. Long Time Coming
Lineup
Kevin Chalfant – vocals
Greg Rolie – vocals, keyboards
Josh Ramos – guitars
Ross Valory – bass
Ron Wikso – drums
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