O New York Times publicou uma extensa matéria sobre como o Iron Maiden, ao utilizar ferramentas diferentes das tradicionais usadas pela indústria musical, não precisa se preocupar hoje com o problema dos downloads ilegais. Confira a matéria na íntegra, publicada em português na Imprensa Rocker:
Enquanto as vendas da indústria musical caem e as gravadoras encaram o futuro com angústia, os fãs do Maiden ainda reúnem-se em lojas de discos. Assim como o mascote zumbi da banda, Eddie, o Iron Maidense recusa a morrer, e sua contínua vitalidade talvez possa oferecer algumas dicas de sobrevivência à problemática indústria musical. O 15º álbum de estúdio do Iron Maiden, “The Final Frontier”, subiu direto para o topo das paradas européias da revista da “Billboard” quando lançado, no fim de agosto, e continua por lá após algumas semanas. O disco também estreou em primeiro lugar em outros países – da Arábia Saudita ao Japão – dando uma necessária erguida na “EMI Music”, que é a dona dos direitos internacionais da banda. Nos Estados Unidos, onde foi lançado pela “Universal Music Entreprises”, “The Final Frontier” estreou no quarto lugar.
Até o fim da semana passada, mais de 800 mil cópias de “The Final Frontier” foram enviadas para revendedores ao redor do mundo, de acordo com Rod Smalwood, empresário do Iron Maiden há muito tempo. É muito menos do que os mais de 12 milhões de cópias do álbum de estréia da Lady Gaga, “The Fame”, mas o Iron Maiden tem a longevidade que muitos artistas por só podem invejar: em seus 30 anos de carreira, a banda vendeu cerca de 85 milhões de discos.
“Muitas bandas poderiam aprender com o Maiden”, diz Smalwood. “O lance do Maiden é essencialmente sobre sua relação com os fãs, e nada se põe entre isto. Eles não desejam ser rockstars, eles apenas gostam de tocar para os fãs”.
Os seis membros do Iron Maiden, todos na casa dos 50 anos, não são os únicos headbangers que ainda estão ma estrada e nos estúdios. Bandas como Metallica também têm estado fortes, e astros do Hard Rock como o AC/DC e Guns n’ Roses também encontraram um sucesso renovado.
“Com sua imagem tribal e parâmetros extremos, o Metal oferece um lar completo para aqueles que o seguem, coisa que o pop, hip hop ou outro gênero não consegue”, diz Joel McIver, autor britânico que escreveu, dentre outros livros sobre Heavy Metal, “Justice for All: The Truth About Metallica”.
Uma conexão estreita com os fãs, reforçada por uma incansável agenda de turnês, tem sido uma necessidade para o Iron Maiden desde o início, quando a mais importante ferramenta de marketing da indústria musical, o rádio, estava muito longe dos limites do Iron Maiden. Suas canções eram muito longas e muito altas para caber nas fórmulas das rádios convencionais, e alguns grupos de pais cristãos protestavam que a banda possui ligações com mensagens satânicas – uma acusação na qual a banda sempre negou. A falta de exposição nas rádios pode ter criado desafios, mas isto preparou o Iron Maiden para a era digital, quando o modelo tradicional da indústria esgotou-se. Agora, uma boa exposição de um single nas rádios tem uma grande probabilidade de mandar os ouvintes para a internet, em busca de uma cópia gratuita e pirata de um disco, ao invés de uma loja de discos.
Como as músicas do Iron Maiden não são próprias para os moldes de um single radiofônico – no disco novo, três canções possuem mais de nove minutos – a banda não sofre tanto deste problema.
Mesmo após o “The Final Frontier” ter alcançado o topo das paradas no último mês, serviços de rastreamento digital mostraram apenas baixos níveis de downloads ilegais do álbum, de acordo com David Kassler, Chefe do escritório de Operações da EMI na Europa.
“Você esperaria que algumas pessoas estivessem pirateando, mas elas não estão”, afirmou Kassler. “Elas querem a versão física do álbum. Elas amam a arte da capa, as letras. É alo que elas querem mostrar a seus amigos e familiares”.
As vendas digitais do “The Final Frontier” estão fracas, provavelmente chegam a 10% ou 15% das vendas totais nos Estado Unidos, afirma Smallwood. Ao todo, as vendas digitais somam perto de 50% do mercado musical nos Estados Unidos. Ainda assim, o iron Miaden não é um anacronismo da era analógica, insiste Smallwood. A falta de exposição radiofônica e uma confiança na propaganda boca-a-boca preparou bem a banda para as nuances do mercado digital, completou.
“Quando a internet apareceu, nós provavelmente fomos os primeiros a entender seu potencial”, disse o empresário da banda.
Antes do lançamento do álbum, o Iron Maiden reformou seu website, riou uma página no “Facebook” e ofereceu o download gratuito do single, “El Dorado”, para os fãs. Há até um game gratuito do “The Final Frontier”.
Para encorajar a venda dos álbuns, camisetas e outros produtos ligados ao “The Final Frontier”, a “EMI” montou seções especias do Iron Maiden nas lojas de disco européias, como “HMV”, “Media Markt” e “FNAC”.
As vendas de merchandise podem totalizar mais de 20% dos ganhos totais da gravadora com uma banda, disse Kassler, apesar de não apresentar nenhum dado específico sobre o Iron Maiden.
Apesar destes esforços, é improvável que o Iron Maiden recupere as vendas dos anos 80, quando um álbum como o “The Number of The Beast” vendeu 14 milhões de cópias. Como os fãs são tão leais, eles tendem a adquirir os lançamentos rapidamente, mas as vendas caem após algumas semanas. Ainda assim, McIver, o autor, disse que há muitas lições para a indústria musical no sucesso contínuo do Iron Maiden: “Investir a longo prazo, ter uma imagem, dar aos fãs o que eles querem, excursionar e continuar excursionando, tocar nos circuitos de festivais, abraçar novas tecnologias, ser inovador, honesto e original, e gravar boas músicas”
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