O texto abaixo é de Luciano Oliveira, - do Rock Em Geral - sortudo que esteve no showzaço que Jeff Beck (foto) fez no Rio de Janeiro, no último dia 24.
Não foi a aglomeração de típicos fãs de classic rock do lado de fora do Vivo Rio, ontem, o indicativo de que a noite seria especial. A ficha só caiu quando, lá dentro, Jeff Beck subiu no palco com ar despretensioso e percutiu pela primeira vez as cordas de sua guitarra, extraindo um som puro, cristalino, como só ele sabe fazer. Depois de sete anos fora do mercado, o guitarrista tem um novo álbum para mostrar, e tirou dele quatro músicas para montar um repertório de rara beleza técnica e, ao mesmo tempo, cativante. "Emotion & Commotion" trouxe um Jeff Beck inspiradíssimo de volta ao Brasil, depois de 12 anos, quando, possesso, deixou todos de queixo caído em pleno Free Jazz.
Dessa vez a coisa flui diferente, com a tensão substituída pela descontração. No palco, os músicos estavam à vontade, sorrindo o tempo todo em irresistíveis flertes musicais que ajudam a prender a atenção do público. Já na segunda música, Beck deixa o batera Narada Michael Walden e a baixista Rhonda Smith se divertirem um bocado, numa encurtada versão de "Stratus", do excepcional baterista Billy Cobham. A música serve com cartão de visitas de seus novos amigos, com direito a um solo particular de Neruda e um verdadeiro espancamento de cordas de baixo de Rhonda, coisa que se repetiria durante todo o set. Ela ainda faria o vocal em algumas músicas (em "I Want To Take You Higher", arrebentou) junto com o discreto (porém preciso) tecladista Jason Rebello. Logo se vê que se trata de um show de banda. E que banda!
Dessa vez a coisa flui diferente, com a tensão substituída pela descontração. No palco, os músicos estavam à vontade, sorrindo o tempo todo em irresistíveis flertes musicais que ajudam a prender a atenção do público. Já na segunda música, Beck deixa o batera Narada Michael Walden e a baixista Rhonda Smith se divertirem um bocado, numa encurtada versão de "Stratus", do excepcional baterista Billy Cobham. A música serve com cartão de visitas de seus novos amigos, com direito a um solo particular de Neruda e um verdadeiro espancamento de cordas de baixo de Rhonda, coisa que se repetiria durante todo o set. Ela ainda faria o vocal em algumas músicas (em "I Want To Take You Higher", arrebentou) junto com o discreto (porém preciso) tecladista Jason Rebello. Logo se vê que se trata de um show de banda. E que banda!
Mas é Jeff Beck o chefe da turma, que logo apresenta as armas na dobradinha "Corpus Christi Carol"/"Hammerhead", do novo CD, a segunda com um incrível sotaque hendrixiano, como se Beck estivesse tocando junto com Jimi Hendrix, num crossover imaginário de lascar. A música é uma das mais pesadas da noite, mas não se pode reclamar de um guitarrista que sabe dosar tudo o que se pode tirar de uma guitarra. Às vezes solos, noutras andamentos; dedilhados ou steel guitar; velocidade, precisão ou as duas coisas… tudo faz parte do universo de um guitarrista que circula por vários ritmos musicais sem deixar de soar como seu próprio estilo. Até dixieland, em homenagem a Les Paul, o inventor da famosa guitarra, apareceu no bis, em "How High The Moon", com Beck usando um modelo clássico.
Rhonda Smith, saidinha, tem direito a um bom solo de baixo, antes de Jeff Beck emplacar o maior hit da noite, "People Get Ready", reconhecida de imediato pela platéia, mesmo sem os vocais de Rod Stewart que lhe deram notoriedade. O público não se manifesta muito, mas aplaude logo de cara quando "Somewhere Over The Rainbow" é iniciada, outra do novo álbum, e ainda quando o próprio Jeff Beck ergue o braço "pedindo" palmas, como em "Big Block". Em "Angels", usa um objeto de alguém do público (uma chave?) para tocar um trecho quase acústico, de tão limpo, para delírio de todos. Em várias canções se vê a intenção de mostrar início, meio e refrão, ainda que em músicas totalmente instrumentais. Em "Blast From The East", a vontade de cantarolar é quase involuntária.
Rhonda Smith, saidinha, tem direito a um bom solo de baixo, antes de Jeff Beck emplacar o maior hit da noite, "People Get Ready", reconhecida de imediato pela platéia, mesmo sem os vocais de Rod Stewart que lhe deram notoriedade. O público não se manifesta muito, mas aplaude logo de cara quando "Somewhere Over The Rainbow" é iniciada, outra do novo álbum, e ainda quando o próprio Jeff Beck ergue o braço "pedindo" palmas, como em "Big Block". Em "Angels", usa um objeto de alguém do público (uma chave?) para tocar um trecho quase acústico, de tão limpo, para delírio de todos. Em várias canções se vê a intenção de mostrar início, meio e refrão, ainda que em músicas totalmente instrumentais. Em "Blast From The East", a vontade de cantarolar é quase involuntária.
Vale notar que um show de Jeff Beck não é daqueles em que se espera a inclusão dessas ou daquela música. O guitarrista não está nem aí para isso, condensando o repertório em sua maneira única de tocar e um irretocável bom gosto. A versão para "A Day In The Life", dos Beatles, por exemplo, é de emocionar, ainda mais com a ênfase num alongado trecho psicodélico entremeado à gravação original. O que não quer dizer que o público não se sinta, por vezes, desapontado com a falta de uma "Where Were You" aqui ou um "Beck’s Bolero" acolá. Mas isso, no fundo, no fundo, não impede a satisfação de presenciar um verdadeiro desfile de boa música, encerrado de forma completa com "Nessun Dorma", uma sintética peça de erudição que arremata uma noite memorável.
Setlist
01 Plan B
02 Stratus
03 Led Boots
04 Corpus Christi Carol
05 Hammerhead
06 Mna Na Eireann (Woman Of Ireland)
07 Solo de baixo
08 People Get Ready
09 You Never Know there
10 Rollin' And Tumblin'
11 Big Block
12 Somewhere Over The Rainbow
13 Blast From The East
14 Angels
15 Dirty Mind
16 Brush With The Blues
17 A Day In The Life
Bis
18 I Want To Take You Higher
19 How High The Moon
20 Nessun Dorma
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