Uma das grandes surpresas de 2010 foi, sem dúvida, o excelente álbum "Vanity Kills", dos belgas do All I Know (foto). Desde o lançamento do single "Rain" venho mantendo contato com o vocalista Ward Dufraint, sempre solícito e simpático, devo dizer.
E depois de ele fazer um exclusivo review track-by-track para a AORWatchTower - veja aqui - agora o vocalista volta em uma entrevista onde fala sobre o início da carreira da banda, dá detalhes sobre algumas canções e conta os planos do All I Know para 2011, além de revelar uma novidade exclusiva sobre o próximo trabalho da banda.
Enjoy...
01. Vamos começar com o básico: como a banda se reuniu?
Ward Dufraint: O All I Know já está na ativa há cerca de 5 anos, desde meados de 2005. Passamos os primeiros anos fazendo acertos no no lineup e procurando nosso estilo musical. É a clássica história do grupo de amigos de escola que se reúnem para tocar um estilo musical que ninguém mais parece curtir, pelo menos, não no seu país de origem. Basicamente, estávamos todos cansados das porcarias que nos eram impostas pelas rádios e queríamos resgatar o brilho do final dos anos 80, quando o rock ainda era soberano nas rádios.
02. A banda tem um núcleo composto por três integrantes fixos e vários bateristas. Por que existe essa rotatividade?
Ward Dufraint: Qualquer um que esteja em uma banda sabe que não é fácil encontrar as pessoas certas, que tenham a mesma visão que você, que tenham a mema quantidade de motivação e talent para levar o projeto ao limite. E é por isso que temos trabalhado com bateristas contratados ao longo dos anos, mas estamos buscando uma solução permanente. A pessoa certa para a posição ainda não apareceu. Paciência é uma virtude.
03. Você mencionou no press release algumas grandes influências dos anos 80, como Bon Jovi, Cheap Trick, Def Leppard, Bryan Adams, Van Stephenson e REO Speedwagon. É uma mistura poderosa!
Ward Dufraint: Como eu já disse anteriormente, somos todos grandes fãs das chamadas hairmetal bands dos anos 80, e também de gigantes do AOR como Journey ou Foreigner, que mandavam no mundo no início daquela mesma década. Era uma época onde as bandas realmente sabiam como compor canções que duravam por anos e que eram tão boas que até sua mãe resmungava as notas (risos). Uma época em que uma canção nunca estava completa sem um solo de guitarra, quando os caras se maquiavam como garotas e eram cheios de trejeitos. A missão do All I Know é resgatar um pouco daquela mágica, mas sempre mantendo um pé firme no presente. Estamos em uma busca interminável para escrevermos a canção perfeita. O que herdamos daquelas bandas foi o poder da melodia, a atenção aos detalhes na composição e produção, e a importância da imagem.
04. Vou lhe dizer que ouço uma certa dose de Stage Dolls na mistura.
Ward Dufraint: Na verdade, você não é a primeira pessoa que me diz isso. Algumas reviews recentes apontaram a mesma coisa. Serei sincero em dizer que não sou muito familiarizado com o catálogo deles, apesar de conhecer canções bastante óbvias como "Love Don’t Bother Me". Sou grande fã do trabalho de Ron Nevison, especialmente com o Heart e Europe. E posso entender onde você ouve essa sonoridade. E levo como um elogio, é claro! (Risos)
05. O álbum "Vanity Kills" é, na verdade, uma nova versão do album lançado de maneira independente em 2009. Como foi a recepção à primeira versão do album?
Ward Dufraint: Na verdade, é só uma versão atualizada do mesmo album. Duas canções foram substituídas por novas composições e o single "Rain" foi remixado. A coisa toda foi remasterizada também. A versão independente foi lançada no final de 2008, e principalmente vendida em nossos showse através de nosso site oficial. Como você pode imaginar, no cenário musical de hoje, não é fácil para uma banda nova de melodic rock se fazer notar sem nenhum apoio de uma gravadora. Mas o álbum foi muito bem recebido e teve excelentes reviews nas publicações nacionais sobre rock, mas além disso, ninguém ouviu falar sobre nós. Foi preciso que uma pessoa acreditasse no projeto. A banda e o álbum ganharam uma nova chance quando a MelodicRock Records nos ofereceu um contrato no começo do ano.
06. A versão pre-order do album incluía duas canções da versão independente: "Consume Me" e "Only You". Quantas canções da versão original não foram usadas no relançamento de "Vanity Kills"?
Ward Dufraint: As canções que você mencionou são duas das mais antigas e achamos que elas não tinham a mesma qualidade das outras. Mas é preciso lembrar que elas foram gravadas entre o final de 2007 e início de 2008. Tanto a banda quanto a gravadora concordaram que seria necessário acrescentar algumas canções novas ao relançamento do álbum. A nova versão inclui duas canções novas: "Turn Back Time" e "All The Way", ambas gravadas em Junho de 2010.
07. O legendário produtor Beau Hill entrou em cena quando ele recebeu uma cópia de "Rain". Como isso aconteceu?
Ward Dufraint: Nosso lançamento independente não fez muito barulho, mas o suficiente para ser notado por alguns ouvidos atentos. Nós distribuímos uma tonelada de cópias promocionais e, aparentemente, uma delas chegou até a KEGL FM nos U.S.A., e essa rádio faz uma espécie de seleção de novos nomes para empresa de produção de Beau Hill. Eles reconheceram o potencial e enviaram o material para Beau sabendo que ele iria gostar.
08. E como ele se ofereceu para remixar a canção?
Ward Dufraint: Beau Hill provavelmente recebe dúzias de demos diariamente, mas ainda assim ele se sentiu atraído por "Rain" o suficiente para entrar em contato conosco. Ele nos enviou um e-mail em Abril de 2010, explicou toda a história e expressou seu interesse em remixar algumas das principais canções do álbum para dar um toque especial, para que elas fossem mais notadas no mercado. Ele remixou "Rain" em seu estúdio em Austin, Texas. E como dizem, o resto é hsitória.
09. Naquele momento você devem ter pensado: "Hey, alguma coisa nós estamos fazendo certo", não? (Risos)
Ward Dufraint: Vou te dizer, esse é o tipo de coisa com o qual você nem se atreve a sonhar! Minha reação inicial era de descrédito absoluto, eu lembro que minha resposta foi algo como "isso é uma brincadeira, certo?". Foi a motivação perfeita para que nós continuássemos acreditando no que estávamos fazendo e nos comprometermos ainda mais para lançarmos a nova versão do álbum. Você pode ter todos os jornalistas e todos os executives das gravadoras te desanimando, dizendo que seu estilo musical é para dinossauros e que ninguém mais está esperando pelo próximo Bon Jovi. Mas quando Beau Hill entra em cena e diz o contrário, todas as merdas que tivemos que ouvir saíram pela janela.
10. Bem, o álbum é matador!!! Você fez um review track-by-track para a AORWatchTower (leia aqui) e deu uma boa idéia sobre o que "Vanity Kills" oferece. Alguma preferência entre as canções?
Ward Dufraint: Minhas canções preferidas mudam a cada dia, mas entre elas sempre estão "Rain' e "Asphyxia". A primeira é o perfeito exemplo de trabalho em equipe, já que Michaël escreveu a música e eu criei as letras e melodia. Essa canção ficou incompleta até o ultimo momento e, ainda assim, se tornou uma das melhores do álbum, se não a melhor. Já a segunda canção é bastante pessoal para mim e foi composta em violão, e o arranjo final retrata minha idéia inicial perfeitamente.
11. Eu tive muito trabalho para selecionar apenas uma canção do album para a AORWatchTower Radio e, ao final, optei por "Into Your Heart". E tenho recebido comentários excelentes sobre essa canção…
Ward Dufraint: "Into Your Heart" foi escrita pelo Michaël. É um dos pontos altos em nossos shows e uma das canções que mais gosto dentre as que ele compôs. É uma história fictícia sobre "um cara que conhece uma garota". Essa canção era originalmente cantada pelo Michaël, mas no ultimo instante mudamos as notas e eu acabei cantando. Essa canção me lembra muito "All I Want Is You" do Bryan Adams, canção que tem co-autoria e produção de Mutt Lange.
12. Falando em Mutt Lange, pessoalmente, o considero o melhor produtor do planeta, e o álbum de você tem uma produção excelente, cortesia do veterano Staf Verbeeck. Antes da mixagem, vocês sugeriram que as canções fossem lavadas ao limite, na mesma linha do que Mutt Lange costuma fazer?
Ward Dufraint: Staf tinha pouca experiência em produzir o nosso tipo de canções, já que ele trabalha mais com bandas independents e artistas pop. Entretanto, ele é um dos maiores produtores em nossos país e está sempre aberto à desafios. Eu lembro de muitas vezes pegar Staf ouvindo "Hysteria" no volume máximo, repetidas vezes, tentando analisar o som da bateria ou seja lá o que estivéssemos trabalhando naquele momento. Ele definitivamente superou nossas expectativas.
13. Temos observado o que muitos vem chamando de "renascimento do AOR", estilo que tem muitos seguidores no Brasil. Como é o cenário AOR na Bélgica?
Ward Dufraint: Juliano, é morto! O que mais posso dizer? Esperamos poder mudar essa situação (risos).
14. E como está o cenário musical no país? Eu não faço a menor idéia, sinceramente (risos...)
Ward Dufraint: Bandas belgas raramente – se é que alguma conseguiu – cruzam nossas fronteiras. A Bélgica é um país pequeno e ainda assim há zilhões de bandas buscando um espaço no mercado. Não sei se podemos chamar isso de "cenário", mas o movimento de bandas independentes é bastante forte por aqui. Pessoalmente, não ouço radio aqui, é muito deprimente.
15. E quais os planos do All I Know para 2011?
Ward Dufraint: Vou contar uma coisa para você em primeiríssima mão, e acho que você sera a primeira pessoa fora da banda a saber disso: as canções para nosso segundo álbum já estão todas escritas! Começaremos as gravações em 2011, enquanto isso, esperamos o retorno da exposição que tivemos devido ao contrato que conseguimos. E também estamos torcendo para que a gravadora consiga nos incluir em alguns festivais no próximo verão, então, o futuro nos parece promissor!
16. E que tal alguns shows aqui no Brasil?
Ward Dufraint: É incrível saber que nossas canções são ouvidas e foram bem recebidas aí em seu país. Para nós, seria uma honra tocar na América do Sul. Assim que um promotor de shows nos chamar, começaremos a aprontar as bagagens! (Risos)
Ward, Foi grande prazer conversar novamente contigo. E parabéns pelo excelente album. Desejo à vocês todo o sucesso e uma longa carreira. As portas da AORWatchTower estarão sempre abertas à vocês.
Ward Dufraint: Agradeço as palavras gentis, Juliano. Esse reconhecimento é que nos faz seguir em frente. Esperamos encontrar nossos fãs brasileiros em breve.
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