A matéria abaixo foi publicada originalmente na Maxim Brasil e está reproduzida aqui na íntegra, sem nenhuma edição. Você pode acessar a postagem original aqui.
Você e Joe Perry se conhecem há mais de 40 anos. O que ele sabe sobre você que nenhuma outra pessoa sabe?
Que eu sou muito melhor atirador do que ele. Quando éramos crianças, ficávamos o verão inteiro andando pelas florestas com armas calibre 22.
Ainda bem que você não se irrita facilmente.
Eu costumava ficar irritado muito facilmente. Em 73, nós abrimos o show dos Kinks e eu tinha menos de um metro e meio de espaço no palco – o desgraçado do baterista não queria se mover. Como eu ia dançar, porra? Nós tínhamos uma única bandeja de comida para a banda inteira e tinha uma carne estranha no meio. Se você segurasse um pedaço contra a luz, você conseguia enxergar as bolhas. Então, toda noite, eu saia do palco e virava a mesa. Os caras da banda me xingavam um monte porque eu tinha derrubado a comida no chão e daí ninguém podia comer nada.
Julgando pela sua forma física nos anos 70, você não era muito de comer.
Você tem que comer coisas que sejam fáceis de engolir, mesmo que esteja chapado. Uma vez o Joe Perry gritou com um dos membros da equipe de produção - ele se vingou secando seu sovaco com a mortadela que eles iam comer. Quando eu ouvi isso, eu peguei o telefone e disse “Ei, caras, lembram quando vocês costumavam ficar bravos comigo por que eu desperdiçava a comida? Na verdade, eu salvei vocês do pior.”
Já faz cinco anos que o Aerosmith não lança um álbum gravado em estúdio. O que está rolando?
Nós queríamos fazer isso logo de uma vez, porque então acabaria a cobrança e poderíamos seguir em frente. Mas quando você tem algumas músicas que merecem mais do que isso, leva algum tempo. Nós estávamos trabalhando muito nelas, mas daí eu peguei pneumonia. Os médicos disseram que parecia que eu tinha algodão-doce nos pulmões.
Você já causou vários danos a você mesmo ao longo de sua carreira. Como você foi parar de volta na reabilitação no ano passado?
Isso vinha acontecendo por 40 anos (Tyler faz então sua famosa dança de um lado para outro). Com toda essa merda de dança lateral, meus dedos do pés estavam todos deslocados e eu tinha tecido fibroso em volta dos nervos. Quando eu andava, doía pra cacete. Um médico uma vez me disse: “Você precisa retirar esse tecido que se formou em volta de seus nervos.” Então foi isso o que eu fiz. E os remédios que ele me deu foram uma bomba para mim. Eu saí do hospital, depois de ter tomado tudo aquilo por três meses. Foi muito tempo. Em primeiro lugar, aquelas drogas não acabaram com a dor. Em segundo lugar, se você começa a tomar tudo aquilo e fica meio pancada, o único jeito de me livrar daquela merda era voltando para a reabilitação. Era isso ou mudar para a casa da vovó.
O que as suas ex-mulheres têm em comum?
Todos os filhos que eu tive, ou eu casei com a mãe deles ou então eu estava tão apaixonado que casar nem fazia diferença. Não importa com quem foi, quando eu me apaixonei, eu me apaixonei de verdade. Minha vida inteira sempre foi 8 ou 80. Eu não estive muito presente na vida de meus filhos, por isso eu fico muito feliz que eles tenham me perdoado. Quando você faz parte de uma banda, se você estiver fazendo seu trabalho direito, – como estávamos fazendo naquela época – você fica tão doido que você nem sabe o que está fazendo.
Quando era criança, você chegou um dia a imaginar que chegaria aonde chegou hoje?
Eu cresci no Bronx e tínhamos uma gangue chamada Green Mountain Boys. A gente só fumava maconha, comia umas garotas e acampava no quintal de alguém. Eu não tinha muita expectativa de vida. Mas os outros caras da gangue tomavam conta de mim e tudo o que eu tinha que fazer era ser bacana e estiloso e arrumar uma namorada. Mas assistir os Stones pela primeira vez com aquelas malditas botas foi algo muito além. Eu queria muito fazer aquilo.
Você é um cara religioso?
Eu posso ser. Eu estou agora escrevendo um livro chamado O Barulho da Minha Cabeça te Incomoda? – e olhando para trás, parece que tudo foi meio que predestinado. Será que o meu vício era em drogas ou em sonhos que se tornam realidade? As pessoas dizem: “Cuidado, isso foi coisa do cara lá de cima”. Mas não sei quem foi. Mas o que eu sei é que já compus pelo menos 23 álbuns e só eu sei o tempo que demorou para escrever todas essas músicas.
Quanto tempo o Aerosmith demora para ensaiar para uma turnê?
Duas semanas. E ficamos com a mesma energia que tínhamos aos 15 anos. É como dar uma festa para 20.000 pessoas toda noite. Sinto que devo isso aos fãs. Eu quero sempre apresentar “Dream on” do jeito que eles ouviram quando conseguiram transar pela primeira vez.
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