É simplesmente impossível alguém se dizer fã de AOR e não conhecer Mark Spiro. Autor de vários hinos do estilo, o norte-americano tem uma discografia riquíssima que contém clássicos álbuns como "Devotion" e "The Stuff That Dreams Are Made Of". Sou fã desse cidadão desde 1996 e, pessoalmente falando, essa entrevista era uma das que eu queria há mais tempo.
E Mr. Spiro concocrdou, mais que gentilmente, eu trocar umas idéias comigo justamente na última semana de 2011, quando as coisas costumam ficar bastante corridas por cota das festas de final de ano. Ainda assim, houve tempo para revelações, novidades e algumas confirmações, e espero que vocês curtam essa entrevista tanto quanto eu curti fazê-la.
A partir de agora, está aberta a temporada 2012 de entrevistas, com o legendário Mark Spiro. Enjoy...
01 Lá se vão seis anos desde "Mighty Blue Ocean". O que você tem feito desde então?
Mark Spiro: Depois de "Mighty Blue Ocean" eu comecei a dedicar mais tempo para ficar com minha família. Eu também descobri que minhas filhas haviam se tornado compositoras incríveis a as coloquei em contato com a Disney. Essa se tornou minha prioridade #1 por cerca de dois anos. Agora, com Ruby Summer, sou apenas um co-autor e pai agradecido.
02 Há uma mudança visível - ou audível - no approach que você dá às melodias. Você mudou do AOR - presente em álbuns como "Now Is Then, Then Is Now", "Devotion" e "The Stuff That Dreams Are Made Of" - para um AC Rock com elementos de Westcoast, como podemos ouvir em "King Of The Crows" e "Mighty Blue Ocean". O que o levou à essa mudança?
Mark Spiro: A principal difrença é bastante simples: os álbuns anteriores tinham canções escritas para ou com artistas com os quais eu trabalhava. Na verdade, eram demos antes que as masters fossem feitas. Elas tiveram influência que é compartilhada com projetos nos quis eu estava envolvido. Entre essas sessões de gravação e nos últimos cinco anos eu tenho composto sem ninguém em mente, não objetivo nenhum artista ou gênero musical. Apenas aperto o botão vermelho e começo a gravar. E tem sido muito satisfatório pessoalmente fazer uma espécie de diário musical sobre as coisas que me afetam e que me mudam. Quem sabe, são sentimentos com os quais os ouvintes possam se relacionar e se conectarem.
03 O novo álbum "It's A Beautiful Life" é absolutamente maravlhoso. Você poderia nos falar um pouco sobre ele?
Mark Spiro: Eu tenho um estúdio Pro-Tool na minha garagem que batizamos de Glitter Box. E eu vinha produzindo material para outros artistas durante um tempo e senti que não estava tendo muito prazer pessoal com isso, pois eu sabia que tinha muitas coisas e muita música em mim. Entrei em contato com Georg Seigl da AOR Heaven e disse"Hey Georg, você gostaria de lançar esse álbum?" E ele disse "Claro, me envie o contrato e algum dinheiro" e logo depois comecei a trabalhar, compor.
No meio de tudo isso, descobri que precisaríamos nos mudar da nossa casa de praia onde minhas filhas cresceram, e como havíamos passado por momentos difíceis naquela casa, eu não queria me mudar. Eu estava magoado, minhas filhas estavam viajando e minha esposa tinha se mudado para Los Angeles enquanto eu fiquei em Encinitas para terminar de trabalhar. Ainda havia outra coisa sobre a qual não posso falar, mas eu sentia que tudo estava desmoronando. E canções como "Come Back To Me", "It's A Beautiful Life" e "Go Another Mile" falam sobre o sentimnto de que tudo ficaria bem, que nossas lembranças do tempo em que vivemos naquela casa sempre estarão em nossos corações. Que a parte mais bela da vida é superar dificuldades, é a percepção das coisas.
04 O álbum traz as canções em uma ordem bastante interessante. A maneira com que as canções estão dispostas no tracklist parecem contar uma história, e é fácil de perceber isso pelos nomes da canções. Existe, de fato, essa tal "história"?
Mark Spiro: Juliano, não estou brincando, mas não sei a ordem final das canções. Não tenho uma advanced copy como você. Não sou tão importante como o você, meu caro senhor! (Risos). Mas não havia nenhuma idéia sobre a ordem das canções, mas há sim uma história e temas que se repetem e vocês sabem, o que mais gosto é de escrever as letras.
05 Falando em letras, há algumas com conotações bastante pessoais como em "It's A Beautiful Life", "Come Back To Me", "Go Another Mile" e "Dream Big, Pray Hard"...
Mark Spiro: É verdade, eu estive bem fudido durante um tempo. Comecei a redescobrir minha força em 2008. Tive que aprender muitas coisas da maneira mais difícil. O segredo dessa história está em "Dream Big, Pray Hard" e como diz a letra "Dream Big, Pray Hard... You're already there, 'cause you already are... Loved by the power that shine in those stars... So dream big, pray hard". É tudo uma questão de equilíbrio, porque se você quer muito algum coisa, prepare-se para rezar porque não será fácil.
Por um tempo eu me senti uma vítima do mundo, muito egoíta e estúpido. Tive que parar de pensar que chegaria em algum lugar daquela maneira. E algo me foi dado algo que eu merecia. Nunca estive tão em paz quanto agora. O momento é como deve ser, é é maravilhoso.
O trecho que mais gosto de "Go Another Mile" é "Go another mile, go another minute... Go ahead and cry, feel the power in it". E de "Might As Well Be Me" é "Love what I got, forget what I don't... Keep a steady pace rowing my boat, find a way to smile when everyone won't... Someone's gotta do it so it might as well be me".
Acho que todas essas canções foram inspiradas pelas mesmas coisas: dor e redenção. Dizem que apenas duas coisas mudam um homem, e são um grande amor ou um grande sofrimento. Tive um monte de ambos e prefiro um grande amor.
06 Outra canção que me chamou a atenção logo na primeir audição foi "Everything I Do", porque há uma parte da melodia que parece muito com "Forever Young", do Rod Stewart. Ela serviu de inspiração para a sua canção?
Mark Spiro: Não, mas talvez tenha acontecido por acidente, como se estivesse arquivado em meus arquivos cerebrais e acabei passando por ele e acessando algo que tinha ouvido.
07 Essa foi a primeira vez que você tocou todos os instrumentos em um álbum. Como foi essa experiência para você?
Mark Spiro: Na verdade, foi um desafio. É mais fácil e mais rápido. Além disso, o orçamento dos dias de hoje não permitem contratar gente como Tim Pierce, Dann Huff, Michael Thompson, etc... . Mas voltei a compor com Tim Pierce novamente.
08 Você teve a colaboração de John McLennon tocando guitarras em "Might As Well Be Me" e "Everything I Do". Como aconteceu essa colaboração entre vocês?
Mark Spiro: Eu havia ligado para Tim Pierce perguntando sobre um guitarrista para tocar com minhas filhas, Ruby e Summer, e Tim me passou o telefone de John. O garoto é um excelente músico e tive que convidá-lo para vir até aqui para tocarmos juntos.
09 Uma pergunta que sempre surge quando seu nome é citado é se você voltará a gravar álbuns mais inclinados ao AOR, como "Devotion", por exemplo. Há alguma chance disso acontecer em um futuro próximo, Mark?
Mark Spiro: Infelizmente, eu acho que sempre vou compor o que estiver inspirado a compor. Não posso simplesmente pensar em AOR ou em qualquer outro estilo. E espero ue os fãs do AOR possam ouvir o que tenho feito ultmamente. Na verdade, acho que o AOR é apenas um arranjo diferente ou um sistema de entrega alternativo da mesma música e melodia que faço atualmente.
10 E finalmente Mark, o que você tem ouvido ultimamente?
Mark Spiro: Tenho ouvido excelentes canções, como "Something In Your Mouth" do Nickelback, "The House That Built Me" da Miranda Lambert, "Something" da Lady Gaga e o novo álbum da Katy Perry. Ah, e minhas novas canções, para ter certeza de que elas soam bem no carro (risos).
Mark, foi um imenso prazer conversar com você. Não apenas como fã de AOR, mas como fã do seu trabalho, particularmente. Essa entrevista significou muito para mim e tenho certeza de que a comunidade AOR está feliz com seu retorno ao cenário musical. Lhe desejo o melhor em 2012 e as portas da AORWatchTower estão sempre abertas à você.
Mark Spiro: Obrigado Juliano. Sou muito agradecido por ter música em minha vida. Sou pago para fazer isso e às vezes vejo as pessoas cantando canções que escrevi. Não há nada melhor para mim na vida do que dividir uma frase ou uma melodia com alguém, ou mesmo apenas na minha cabeça. Me sinto abençoado, agradecido, inspirado.
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