A dupla Al Fritsch e Mark Mangold é bastante conhecida no universo dos bons sons, tendo criado algumas das mais poderosas canções do cenário AOR sob o nome Drive, She Said. O final da década de 80 e começo da seguinte viu o auge de sua carreira, mas como sempre acontece, o final dos anos 90 assistiu o início da triste curva descendente que levou a Drive, She Said quase que ao ostracismo, culpa de duas coletâneas insossas e de um álbum de material inédito lamentável. Mas agora, depois de seis anos, a Drive, She Said retorna ao cenário em grande estilo com "Pedal To The Metal", um álbum que resgata não apenas a sonoridade clássica da dupla, mas que também aponta um novo e animador caminho a ser seguido por Mangold e Fritsch.
A ótima "Touch" abre o álbum com propriedade. Um rocker centrado em guitarras breves e bem colocadas, envolvida em um arranjo de estrutura bastante simples, mas absolutamente eficiente. Mr. Fritsch mostra que a garganta continua em forma, especialmente no excelente refrão. Um perfeito cartão de visitas cuja qualidade é corroborada em "Pedal To The Metal", rocker mais dinâmico e bastante melódico, onde a simplicidade da estrutura melódica é constantemente confrontada pelos poderosos vocais de Mr. Fritsch. Pessoalmente, eu teria substituído o solo de teclados por guitarras, mas essa é apenas minha opinião. Já "In 'R Blood" equilibra guitarras e teclados de maneira mais evidente, em momento que remete o ouvinte à sonoridade clássica dos dois primeiros álbuns da Drive, She Said. Um refrão explosivo coroa essa canção que desponta como um dos grandes destaques do álbum e que merece sua total atenção em múltiplas e barulhentas audições.
O excelente mid-pacer "Said It All" parece ter saído do primeiro álbum da banda, com um arranjo e métrica bastante tradicionais e, por isso mesmo, muito eficientes. Mr. Fritsch capricha na interpretação que culmina em um refrão marcante em outra canção facilmente apontada como merecedora de destaque no álbum, enquanto o rocker "Writing On The Wall" carrega uma aura 70's (inclusive nos backing vocals) que não me agrada muito, mas que também não torna a canção uma porcaria. ouça e tire suas próprias conclusões. Enquanto isso, "Rainbows And Hurricanes" traz uma sonoridade bem mais contemporânea e agradável, mas confesso que um pouco mais de dinamismo no arranjo teria sido providencial.
Com guitarras na linha de frente, a sonoridade do rocker "Love Will Win In The End" me faz lembrar o clássico "Drivin' Wheel", e isso deveria bastar para descrevê-lo. O refrão é envolvente e impulsionado por backing vocals potentes e cercados por teclados bem distribuídos. Mais uma canção merecedora de ser apontada como destaque do álbum. Mas "Rain Of Fire" me deixou com a sensação de que falta alguma coisa para dar mais coesão ao arranjo. Esse rocker é bacana, tem pegada e uma melodia cativante, mas ainda assim falta "liga" no resultado final. Recomendo múltiplas e cuidadosas audições antes de um veredito. Entretanto, é muito mais fácil falar de "In Your Arms", linda balada em que Mr. Fritsch divide o microfone com Fiona Flanagan em um momento absolutamente 80's e sob qualquer aspecto, desde o arranjo (que evidencia os teclados), passando pela métrica e refrão que, como um todo, lembram alguns momentos da carreira de Ms. Flanagan. Certamente mais um destaque do álbum que terá um brilho a mais para os fãs dos anos 80.
Drive, She Said, circa 2016: Mark Mangold e Al Fritsch |
E na reta final, temos "In The Nyte", que acredito ter sido planejado como rocker, mas que acabou sendo transformado em um AC Rock com base pop, simplesmente deslocado no álbum (me atrevo a dizer que está deslocado na discografia da banda) e cujo propósito de estar nesse álbum ainda me parece um mistério. Talvez Fritsch e Mangold tenham feito uma aposta e perderam... Enquanto isso, "Lost In You" é um rocker cavalar, com guitarras onipresentes (à exceção das b-sections) e um refrão bacana, mas que merecia mais punch, na minha opinião, enquanto "All I Wanna Do" é uma linda balada acústica cujo arranjo se opõe a tudo que foi ouvido até agora. O conjunto funciona perfeitamente e fico imaginando como seria uma versão plugada dessa canção que, sem dúvida, surge como mais um destaque do álbum que se encerra de maneira surpreendente.
Em resumo, caríssimas e caríssimos, "Pedal To The Metal" é um ótimo álbum na discografia da Drive, She Said. Muito superior a seus últimos lançamentos e com canções bem construídas e interpretações cuidadosas, Mark Mangold e Al Fritsch mostram que ainda sabem compor aquele tipo de canção que tanto curtimos e que estão registradas naqueles espetaculares álbuns de 1989 e 1991. Mesmo com alguns momentos menos impressionantes, "Pedal To The Metal" é um álbum consistente, bem produzido e repleto de boas canções, e que mostra que a Drive, She Said ainda tem muito a nos oferecer. Talvez, esse álbum seja apenas o prenúncio de trabalhos ainda melhores...
DRIVE, SHE SAID - Pedal To The Metal
To be released on April 15th, via Frontiers Records
Cat. #FR CD 730
Tracklist
01 Touch
02 Pedal To The Metal
03 In 'R Blood
04 Said It All
05 Writing On The Wall
06 Rainbows And Hurricanes
07 Love Will Win In The End
08 Rain Of Fire
09 In Your Arms (With Fiona)
10 In The Nyte (Featuring Kayvon Zand)
11 Lost In You
12 All I Wanna Do
Lineup
Al Fritsch: vocals, guitars, bass, keyboards, backing vocals
Mark Mangold: keyboards, backing vocals
Guest musicians
Guitars: Tommy Denander, Daniel Palmqvist
Bass: Ken Sandin, Paul St. James, Alessandro Del Vecchio
Drums: Kenny Aronoff, Pontus Engborg, Peter Yttergren, Francesco Jovino
Backing vocals: Goran Edman, Chandler Mogel, Ted Poley, Randy Jackson, Thomas Vikstrom, Pepi Castro, Kevin Osborne, James Jackson
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