quinta-feira, 23 de julho de 2009

EM DEFESA DO VINIL

Conhecimento nunca é demais, por isso trago essa matéria aos visitantes da casa. O tema abrange todos estilos musicais, uma vez que todos nós (acima dos 30, claro) sabemos o que é um "álbum" propriamente dito.
Charles Gavin (foto), batera dos Titãs, é um entusiasta do formato vinil no país. Ele não só os coleciona, como pesquisa títulos para serem re-lançados pelas gravadoras e, de quebra, apresenta o programa O Som Do Vinil, pelo Canal Brasil. O programa Viva O Vinil, da MTV brasileira, entrevistou o músico, em um bate-papo muito bacana e, prá quem não pegou a época dos bolachões, muito instrutiva.

Viva o Vinil! - O vinil voltou mesmo à moda?

Charles Gavin - Prá mim nunca saiu de moda, eu tenho uma coleção enorme de vinis e ela aumenta a cada mês. Não me desfaço dela nunca! Hoje o interesse geral pelo vinil voltou em parte pelo desgaste da mídia digital, que é o CD. Ele até trouxe algumas coisas bacanas, mas muita gente sente falta do contato maior com a capa, fotografia, o som diferente do vinil... E não só a minha geração. As mais novas, quando descobrem o LP, o adotam. É um objeto insubstituível e nunca vai sair de moda.

Viva o Vinil! – O que você mais gosta do vinil?

Charles Gavin - O objeto vinil é como um livro, eu tenho um prazer em manipulá-lo, sentir o cheiro... Lembro que o cheiro do disco importado, por alguma razão, tinha um cheiro diferente do nacional. Era um perfume de disco importado!

Viva o Vinil! - O vinil é melhor do que o CD?

Charles Gavin - A era do CD é a da praticidade, ele toca em qualquer lugar, tem uma boa qualidade. Não acho que o vinil é sempre melhor do que o CD, temos que analisar caso a caso.

Viva o Vinil! – O que o vinil traz de mais interessante para o músico?

Charles Gavin – O barato entre o músico e o vinil é resgatar um formato que é muito mais interessante. Você pode gravar em um CD até 80 minutos de música. E no vinil são 45 minutos, estourando... Mas isso fazia você selecionar as melhores da sua safra de composições. Nos anos 90, o padrão do CD se impôs na classe artística, onde tínhamos que lançar com 50 minutos de música, no mínimo. Eu mesmo me sentia culpado se não oferecesse menos do que isso para o público. Hoje eu acho que você deve oferecer o seu melhor.

Viva o Vinil! - Os lançamentos em vinil aumentaram, inclusive para todos os gostos e épocas, concorda?

Charles Gavin – Sim, o recente grande interesse transparece nos recentes relançamentos de clássicos e nos novos lançamentos das bandas atuais. São vinis prensados em 180 e 200 gramas, que mostram uma alta qualidade que, por exemplo, nos meus velhos tempos não havia. É um vinil virgem... E quanto mais profundo o sulco, mais qualidade tem o LP. O grave do vinil depende da profundidade do sulco, quanto mais a agulha vai lá pra baixo, maior a reprodução de um som de qualidade.

Viva o Vinil! – E os gringos têm lançado música em diversos formatos, como vinil duplo com cartão de MP3 etc...

Charles Gavin – Compro vários clássicos e adoro quando algo é lançado em várias plataformas: LP, CD, MP3... São mais opções para você!

Viva o Vinil! – Mas a indústria brasileira está cochilando...

Charles Gavin – Às vezes a gente vive uma ilusão de que o Brasil é um país desenvolvido... Não acho que é desenvolvido, nós temos algumas situações que o primeiro mundo desfruta, mas quando você parte para o todo, o Brasil está muito atrás. Esse é um bom exemplo. Lá fora uma banda lança um trabalho em várias plataformas, com várias opções... A evolução tecnológica propõe várias possibilidades para todos nós. Isso é uma conseqüência do Brasil ter virado um mercado igual ao de Portugal, por exemplo, que é um país menor. Já fomos o 5° mercado consumidor de disco do mundo, hoje nem sei mais em qual lugar estamos. Então, hoje, os nossos lançamentos são tímidos. E ainda tem a pirataria física, que está ligada ao tráfico de drogas, de armas... É fato. Agora, garotos que estão baixando sons do Led Zeppelin, conhecendo as bandas, é outra coisa. Minha opinião é outra, temos que discutir muito sobre o assunto.

Viva o Vinil! – O que fazer para melhorar isso?

Charles Gavin – Realmente se os preços fossem menores, as pessoas comprariam e não optariam por baixar qualquer arquivo. A música vendida ainda é muito cara. Os intermediários, como gravadoras e o Estado, com seus impostos altíssimos, ficam com a maior parte do bolo. E os músicos e compositores ficam com muito pouco.

Viva o Vinil! – Você se lembra do seu primeiro vinil?

Charles Gavin - O primeiro vinil que eu ganhei de presente dos meus pais foi um LP do Roberto Carlos, de 1974, que tem a música “Amada Amante”. Agora o primeiro que eu economizei e comprei foi o "Burn", do Deep Purple. Esse disco tocava muito na minha época, inclusive nos bailes do colégio. Na época, o pessoal dançava muito o que era chamado de rock pauleira.

Viva o Vinil! – E qual foi sua compra mais recente?

Charles Gavin - Comprei o vinil duplo do Fireman, que é o projeto do Paul McCartney com o Youth, ex-baixista do Killing Joke.

Viva o Vinil! – Como você organiza sua discoteca?

Charles Gavin - Eu não consigo misturar gêneros, como fazem alguns amigos meus, que só arrumam por ordem alfabética. Primeiro, eu separo por gênero, depois por ordem alfabética, nacional e internacional.

Viva o Vinil! – Você tem alguma dica de limpeza de vinil?

Charles Gavin - Eu lavo meus discos com sabonete de glicerina, algodão e água fria. Jamais lave com água quente, porque esquenta e empena o LP! Também não fique colocando os dedos no vinil.

Viva o Vinil! – Tem mais alguma dica importante?

Charles Gavin - Se quiser digitalizar um vinil, a melhor dica é molhe o vinil, deixe a água dentro do sulco dele e depois coloque ele no toca disco para a agulha tocá-lo dentro da água. Isso ajuda bastante o curso da agulha dentro do vinil, porque ela desliza com maior facilidade. Em certos casos, melhora muito o som.

Um comentário:

adriana disse...

Another excellent review from the Wikipaedia himself Juba!!!

Those pictures are great!!!

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