segunda-feira, 15 de março de 2010

ENTREVISTA COM LADY MACBETH

Depois de algum tempo consegui trocar idéias com os amigos Pablo Bevacqua e Claudio Astroboy, respectivamente baixista e vocalista/tecladista da Lady Macbeth, uma ótima novidade vinda da Argentina e que mostra que a América do Sul tem grandes talentos que merecem espaço no universo dos bons sons. Entre os vários tópicos abordados, achei particularmente interessante as impressões dos dois músicos sobre o cenário musical na Argentina. Abaixo, a íntegra da entrevista:

01. Como está o cenário musical na Argentina, em relação ao AOR/Melodic Rock?

Astroboy: Na Argentina, e não apenas em Buenos Aires, novas bandas surgem o tempo todo. Algumas seguem as tendências da moda, outras são mais tradicionais e outras mais experimentais... O panorama musical é bastante amplo e dentro dele há uma variedade de opções e dentro dessas opções também há espaço para o hard rock. Há muitas bandas que fazem o som do the glam metal dos anos 80, mas poucos se atrevem a tocar AOR, onde os requisitos técnicos (em relação ao som e ajuste da banda) parece ser um problema. Nós e outras duas bandas ficamos com o lugar entre o hard rock e o metal mais clássico (o qual, na verdade, é um estilo bastante difundido na Argentina). O problema ainda não-resolvido é o alcance…muitos fãs do estilo ainda anão sabem que há bandas locais que tocam esse tipo de som, e com boa qualidade.

02. Há outras bandas promissoras na Argentina atualmente?

Pablo: Sim, mas infelizmente a Argentina é um país relutante em relação a novas propostas e generous musicais, mas isso não quer dizer que não hajam bandas promissoras, mas a situação requer mais esforço por parte das bandas, especialmente para aqueles que não fazm música em espanhol. Temos que levar em conta que é ainda mais difícil considerando o estado atual da indústria fonográfica, as gravadoras temendo perder dinheiro quando descobrem uma nova banda; eles não correm riscos e apostam no que é certo.

03. Eu acredito que essas bandas AOR/Melodic Rock terão que se establecer no exterior antes de retonarem à seus países porque, por exemplo, o cenário muscial no Brasil é horrível. Vocês acreditam que a Lady Macbeth terá o mesmo destino?

Astroboy: É muito provável. Como já dissemos, há bandas mas o Mercado não abre as portas ao que não garante venda imediata. Em outros países (Japão, Suécia, Alemanha, Finlândia, Itália, Espanha....) parece que o AOR/Melodic Rock já tem su espaço e isso abre o caminho. Entretanto, pessoalmente eu creio que a Argentina é bastante imprevisível em relação a música, e é por isso que bandas que você nunca imaginaria que poderiam fazer sucesso acabam conseguindo e outras que são bem-sucedidas internacionalmente não repetem esse fato em seus países de origem. É uma daquelas coisas que só o tempo irá dizer.

04. O álbum "Eye Of The Moon" é o seu primeiro, mas vocês lançaram um E.P. antes disso. Como foi a recepção pública?

Astroboy: Nós praticamente não tínhamos distribuição…Honestamente, não conseguimos fazer aquilo como deveria ter sido feito. Mas tivemos respostas bastante encorajadoras e positivas da mídia que o álbum atingiu. Com “Eye Of The Moon” estamos encarando uma certa difusão e a resposta tem sidoainda mais estimulante. Às vezes achamos que eles exageram nos elogios e as reviews são muito gratificantes, principalmente porque elas destacam o fato de a banda ter sua própria identidade.

05. Vocês disseram que a sonoridade do album é superior à do E.P.. Em que sentido?

Pablo: Em primeiro lugar, o E.P. foi gravado em 2005, sem pré-produção. Só tínhamos as bases rítmicas, entramos no studio e preparamos os arranjos, solos e vocais enquanto gravávamos. Foi tudo feito às pressas, por assim dizer, mas incluímos boas canções que ainda tocamos ao vivo. Mesmo que o material tivesse boa repercussão, sempre soubemos que o seguinte seria melhor e foi o que fizemos. Para “Eye Of The Moon” nós tivemos outro treinamento, fizemos uma boa pré-produção que nos permitiu atingir o objetivo final; levamos mais tempo compondo o álbum e aproveitamos o máximo do que aprendemos e ouvimos desde a gravação do E.P. até que “Eye Of The Moon” fosse gravado em 2009.

06. Quando o álbum estava prestes a ser lançado, Astroboy declarou em uma entrevista que ele esperava que as pessoas gostassem do álbum. Então, como tem sido a recepção?

Pablo: ESTAMOS INDO MUITO BEM, e nós estamos muito felizes pelos comentários e aceitação que temo alcançado não apenas na Argentina e América do Sul mas também na Europa e Japão, onde o álbum está disponível em algumas lojas online. É extremamente recompensador saber que eles estão interessados em nosso material e, levando em conta que ultimamente temos trabalhado de maneira quase que independente, estamos muito satisfeitos pelo que conseguimos com nossos prórpios esforços. Não pensamos tanto em vendagens, as quais vem caindo pelos motives que todos conhecemos. Entretanto, tentamos fazer de “Eye Of The Moon” um álbum que esteja no mesmo patamar de outras bandas conhecidas, e não apenas am termos de sonoridade mas também de design, com um booklet de qualidade e que inclua as letras em espanhol, coisa que não é muito comum na Argentina; tudo isso contribui para que a banda tenha uma imagem melhor.

07. Vocês disseram que algumas das influências da Lady Macbeth são Survivor, Foreigner, FM, Europe. Mas o que vocês tem ouvido ultimamente?

Pablo: Sempre tentamos estar atualizados com novos álbuns, não apenas porque gostamos mas também por causa da sonoridade,, da maneira como outras bandas trabalham o instrumental, mixagens e masterização; tudo isso mudou com os anos e é necessário levar esses aspectos em conta para produzirmos material de melhor qualidade e de acordo com o cenário atual. A Lady Macbeth faz referências a Last Autumn's Dream, Fair Warning, Drive She Said, House Of Lords, etc., mas não esquece da velha escola do AOR. Para mencionar algumas das bandas que estou ouvindo atualmente, gostei muito de “High Gear” do Farcry ou “Keep The Flame Alive” do Nine To Nine, “Falling From The Moon” do Blanc Faces, “Toy Soldier” do Salute, “Promise Land” do Giant, o álbum do W.E.T. e muitos outros.

Astroboy: Eu acrescento outras bandas, como Place Vendome e Pride Of Lions e, talvez fora do estilo hard rock, mas com muitos elementos que também de bandas como Kayak, Asia, Norlander e outras de approach mais melódico como o symphonic rock.

08. Na Europa, o cenário AOR/Melodic Rock é forte. E nos U.S.A. o movimento pode recomeçar com a Frontiers Records distribuindo seus álbuns por lá. Vocês acham que esse recomeço possa acontecer conosco, aqui na América Do Sul?

Pablo: Acredito que tudo é possível. Temos trabalhado por anos e sabemos o que queremos fazer e onde ir, então minha resposta é definitivamente sim. Nós temos boas canções e tentamos gravá-las para um grande público, e não apenas para o público AOR. Em “Eye Of The Moon” você pode encontrar canções Rock/Pop ou algo mais har, com mais pegada ou completamente orquestrada e até mesmo acústica...nossa idéia é fazer canções para que ouvintes de outros estilos sintam-se a vontade com nossa música.

Astroboy: Eu acredito que tendências e modas vem e vão…talvez estejamos mesmo assistindo ao renascimento do hard rock...eu vejo os fãs de bandas dos anos 80, com idades entre 15 e 20 anos, então é possível que algo esteja para acontecer. Na América Do Sul as tendências chegam atrasadas, por isso concordo com meu parceiro que se o hard rock renascer nos U.S.A. não demorará muito para que retome seu trono nesse lado perdido do planeta. De qualquer maneira, até que aconteça, a bandas e o público que conhece e ama esse estilo musical sabe que a máquina nunca pára que há energia para continuar agitando por muito tempo.

Deixo aqui o agradecimento aos amigos Pablo Bevacqua e Claudio Astroboy pelo tempo dedicado à responder todas as perguntas. O álbum dos caras é muito bom e recomendo mais uma vez aos amigos da casa. E deixo as portas da AORWatchTower sempre abertas para os bons sons, não importa de onde venham. E recomendo uma visita ao myspace da banda, cheio de novidades, fotos e música de alta qualidade.

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