sexta-feira, 20 de abril de 2018

RECOMENDAÇÃO DA SEMANA

Desde 1988 como frontman da House Of Lords e cultivando sua muito bacana carreira solo desde 1994, James Christian é um dos nomes mais conhecidos e respeitados no universo dos bons sons. Há cinco anos seu álbum mais recente era lançado mas hoje chega às lojas o aguardado "Craving", sua quarta empreitada solo e uma das mais interessantes. A versatilidade de Christian já é bem conhecida pelos vários projetos dos quais participou ao longo da carreira e também em alguns dos mais recentes álbuns da House Of Lords, mas em "Craving" ele expande seu horizonte em canções empolgantes e, em alguns momentos, surpreendentes.

A frenética "Heaven Is A Place In Hell" é um rocker maiúsculo, que apresenta alternância entre versos e refrão (detalhe que normalmente me incomoda, mas que aqui, por algum motivo, funciona muito bem). O andamento tem formato clássico, mas o refrão é tão  incendiário quanto pode ser e esse conjunto de qualidades faz dessa canção um dos destaques do álbum. Já "Wild Boys" é mais direta, partindo para o ataque sem longas introduções e apresentando teclados em primeiro plano acompanhados pela bateria e seus pedais duplos. Me agradam as viradas e o refrão empolgante, apesar de soar um pouco contido. Essa canção tem várias nuances e merece cuidadosas audições, pode acreditar. Enquanto isso, "Craving" se revela uma belíssima power ballad com base acústica e um baixo pesado, com refrão caprichado e uma interpretação matadora de Mr. Christian em outro destaque do álbum, merecedor de múltiplas audições desprovidas de qualquer tipo de moderação. E com uma desavergonhada aura AOR, "Jesus Wept" surge com uma melodia envolvente, onde teclados onipresentes fazem base para guitarras pontuais surgirem em meio a base de um baixo intermitente. Uma belíssima canção que, sem dúvida alguma. figura entre os grandes destaques do álbum.

Em seguida surge a surpreendente "World Of Possibility", uma balada com delicada base acústica e suaves camadas de teclados cuidadosamente distribuídos. Com arranjo envolvente, essa canção se aproxima do AC Pop de maneira evidente, mas ao contrário do que se possa pensar, ela soa absolutamente apropriada para Christian, que mostra sua já citada versatilidade como intérprete. Um grande momento do álbum e que merece sua total e irrestrita atenção. Entretanto, a matadora "Sidewinder" resgata a veia rocker de Christian nessa canção simples e direta, com guitarras e baixo dominando o cenário que se completa com uma bateria precisa. Mais um momento brilhante que merece sua total atenção, volume máximo e múltiplas audições. Mas "I Won't Cry" é uma canção com arranjo mais introspectivo, bem pontuado por uma bela linha de baixo ocasionalmente tocada por guitarras com aura blues muito bem colocadas e que se apresentam de maneira mais discreta ao longo da canção que tem um refrão tímido, mas marcante. Uma bela surpresa que figura entre os destaques do álbum. E Acredite, vale a pena insistir nessa canção se ela não lhe convencer logo de cara.

Com direção mais voltada ao AC Pop, a ótima "If There's A God" surge trazendo uma base acústica bem amarrada, com bateria marcada e baixo bem trabalhado. Vocais contidos e muito bem colocados dividem espaço com guitarras ocasionais em um arranjo simples e muito, muito eficiente. Uma vez mais, Christian desfila sua versatilidade em uma interpretação inesperada e muito bem-vinda, em outro belo momento do álbum com uma canção que não lembra em nada os trabalhos anteriores de James Christian. E com uma levada mais envolvente em um arranjo que equilibra peso e melodia temos a ótima "Love Is The Answer", um mid-pacer poderoso e com refrão impactante em mais um belo momento do álbum. E na reta final temos "Black Wasn't Black", um rocker contundente e centrado nas guitarras, com formato simples e eficiente, enquanto "Amen" é um mid-pacer que embrulha em papel de presente pop o que poderia ser um belo momento AOR, mas a mudança não depõe contra Christian (ainda mais se levarmos em conta outros momentos do álbum) e surge como uma boa surpresa para fechar o álbum.

James Christian, circa 2018
Em resumo, caríssimas e caríssimos, dizer que "Craving" é o trabalho mais variado de James Christian é quase uma redundância. Confesso que a possível falta de coesão me preocupava mas ao ouvir o álbum fica claro que ele experimentou com vertentes que poderiam ser bem descritas como "arriscadas" para um intérprete de hard rock/melodic rock. Mas o segredo em todos aqueles momentos é sua interpretação, sempre cuidadosa e precisa, de maneira a fazer com que tais canções se adaptem ao tracklist da maneira mais natural possível. Destoam do conjunto, sem dúvida, mas não soam deslocadas ou perdidas entre o material mais característico de Christian, fato que, a meu ver, agrega brilho ao álbum. Assim como aconteceu recentemente com a House Of Lords, James Christian se arrisca em áreas musicais por ele pouco exploradas, mas com cuidado e bom senso. O resultado pode não ser exatamente o que muitos esperam, mas não há como negar a qualidade evidente em cada novidade. Em uma época em que muitos insistem em receitas usadas por tanta gente, James Christian mostra - uma vez mais - que vale a pena investir naquilo que é menos óbvio. Desde que você tenha talento suficiente para bancar a aposta...

JAMES CHRISTIAN - Craving
Released on April 20th 2018, via Frontiers Records
Cat. #FR CD856

Tracklist
01 Heaven Is A Place In Hell
02 Wild Boys
03 Craving
04 Jesus Wept
05 World Of Possibility
06 Sidewinder
07 I Won't Cry
08 If There's A God
09 Love Is The Answer
10 Black Wasn't Black
11 Amen

Musicians
James Christian: vocals, acoustic guitar, backing vocals
Jimmy Bell: guitars on track 10
Clif Magness: all instruments on track 03
Tommy Denander: guitars, bass, keys on tracks 02/06/07/09
Billy Seidman: additional acoustic guitars
Josh Freese: drums on track 03
Pete Alpenborg: guitars and bass on track 04
Alessandro Del Vecchio: keyboards on track 04

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