Quando assumiu a posição de frontman do H.E.A.T., em 2012, Erik Grönwall era apenas mais um nome promissor no mercado musical sueco. Em pouco tempo, ganhou o respeito dos entusiastas dos bons sons e deu continuidade à sólida carreira que a banda vem construindo ao longo dos anos. Seis anos e quatro álbuns desde sua chegada ao H.E.A.T., Grönwall está com a banda na reta final da atual tour e ainda assim encontrou tempo para uma conversa onde falamos de passado, presente e futuro de uma das mais queridas bandas do cenário melodic rock atual e com uma boa dose de surpresas.
Enjoy...
01 Em 2009 você foi o vencedor da versão sueca do programa "Ídolo". Logo depois, o single "Higher" atingiu o status "ouro" em três dias. E você ainda lançou dois álbuns solo. Quais suas lembranças daquela época?
Erik Grönwall: Foi tudo muito caótico e divertido. Foi uma mudança de vida em muitos aspectos. Tenho apenas 30 anos mas parece que já vivi duas vidas.
02 Quais os vocalistas que lhe inspiram?
Erik Grönwall: A música dos anos 50 e 60 começou tudo para mim. Quando eu tinha entre 10 e 12 anos, eu tocava e cantava muito material de Elvis Presley, Little Richard, John Fogerty, etc... Ainda sou inspirado por aqueles mesmo cantores (John Fogerty é o mais subestimado vocalista de rock no mundo, de certa forma), mas me inspiro mais em vocalistas dos anos 70 e 80, como Freddie Mercury, Robert Plant, Bon Scott e em frontmen como Mick Jagger.
03 Em um curto espaço de tempo, muita coisa aconteceu em sua carreira antes de você se juntar ao H.E.A.T., substituindo Kenny Leckremo. Olhando para trás, como você avalia aquele momento?
Erik Grönwall: Substituir Kenny e tentar ganhar a confiança de toda uma base de fãs já estabelecida foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em minha carreira, mas isso me fortaleceu muito. Tive muitas dúvidas e receios no início mas tudo me transformou no que sou hoje. Eu não me importo demais com muita coisa e isso e é libertador. É como disse Johnny Cash em "A Boy Named Sue", "eu sabia que você tinha que se fortalecer ou morrer". É muito difícil parar alguém que não se importa com a opinião dos outros.
04 Apesar do H.E.A.T. não ter uma longa carreira na época e apenas dois álbuns lançados, quais eram suas expectativas quando se juntou a eles? Afinal de contas, você poderia ter se lançado como artista solo...
Erik Grönwall: Absolutamente, mas nunca me arrependi de ter me juntado ao H.E.A.T. Foi uma das melhores decisões da minha carreira.
05 "Address The Nation" foi sua estréia no H.E.A.T. e, sinceramente, ouvindo o álbum, parece que você estava lá desde o início. Como foi para você se adaptar ao método de trabalho da banda? Especialmente, o aspecto das composições...
Erik Grönwall: Esse é o lado positivo e bacana dos caras. Eles não quiseram que eu me adaptasse de maneira alguma, mas me acolheram no processo de composição e sempre estiveram abertos a tentar algo novo. Eu fiz muitas colaborações antes e já estava acostumado a compor com pessoas diferentes. Tudo se resume ao respeito e a experimentar as ideias um do outro.
06 O álbum é absolutamente melodic rock e a edição especial japonesa - lançada em 2013 - trouxe um disco bônus com cinco canções, entre elas "California" e "Too Far On The Wild Side", dois verdadeiros hinos. Já que nenhuma delas acabou no álbum (só os deuses sabem o porque), gostaria que você falasse sobre ambas...
Erik Grönwall: (Risos) Com todo respeito, eu não gosto daquelas canções. Na verdade, eu odeio "California". Se não fosse pelo especto democrático, aquelas canções jamais teriam sido lançadas.
Grönwall no palco com o H.E.A.T. em Junho passado, durante o Sweden Rock Festival |
07 Antes de "Tearing Down The Walls", vocês lançaram "A Shot At Redemption", um E.P. que também continha duas canções nunca incluídas nos álbuns da banda: "Under Your Skin" e uma versão para "She's Like The Wind", sucesso de Patrick Swayze. De quem foi a ideia de gravar a cover? Você poderia falar sobre essas canções?
Erik Grönwall: Nosso método de composição funciona assim: nós escrevemos cerca de 30 canções para um álbum, metade delas decidimos gravar no estúdio e dessas, dez acabam no álbum. Queremos ter certeza de que escolhemos o melhor que podemos produzir e, às vezes, temos sucesso, outras vezes, não. "She's Like The Wind" foi um mero bônus. Nós havíamos gravado tudo e estávamos felizes com o resultado, mas havíamos pago um dia a mais no estúdio e não sabíamos exatamente o que fazer, então nosso produtor sugeriu tentarmos "She's Like The Wind" e a gravamos em cinco ou seis horas.
08 "Tearing Down The Walls" tem mais peso do que qualquer outro álbum do H.E.A.T. até então. Elementos mais pesados, melodias e vocais igualmente agressivos. Essas características foram algo que a banda vinha contendo ou simplesmente algo que valia a pena ser tentado naquele momento?
Erik Grönwall: Me parece um processo natural tentar algo mais pesado e acredito que sou um pouco responsável por aquilo, apesar de que a banda também curte muito hard rock. Eu queria me distanciar da sonoridade AOR (me desculpe, Juliano... risos) e tentar algo na veiz do hard rock clássico. Mas sendo H.E.A.T., sempre será melódico. Para mim, "Tearing Down The Walls" é o melhor álbum que já lançamos.
09 Naquela época, vocês abriram shows para os Scorpions na Espanha e Itália. Deve ter sido uma grande experiência...
Erik Grönwall: Sim, foi muito bacana! Abrimos o show em Padova, na Itália, e depois na Espanha (ou foi o contrário, não me lembro). De qualquer maneira, foi uma grande experiência.
H.E.A.T. circa 2017, em foto promocional para "Into The Great Unknown" |
10 Vocês também se apresentaram nos Estados Unidos pela primeira vez. Como foi aquela experiência? Quais as lembranças dos shows?
Erik Grönwall: Eu amo os Estados Unidos e foi muito legal experimentarmos aquele mercado. Mercado difícil, mas um grande país para se tocar.
11 Fico imaginando se vocês tem algum projeto para voltar aos Estados Unidos e tentar a sorte por lá. Vocês têm alguma expectativa em relação ao mercado norte-americano? É uma pergunta até óbvia, mas vale a pena ouvir a sua opinião...
Erik Grönwall: Não há nenhum plano oficial, infelizmente, mas há "planos" (risos). Eu tento viver sem expectativas e prefiro as surpresas que aparecem pelo caminho para não me desapontar, então não espero por nada. Foco na música e vejo o que acontece.
12 E falando sobre shows, "Live In London" foi lançado em 2015 como registro do show gravado em Maio de 2014 e, como era de se esperar, tinha como foco os dois álbuns que você havia gravado com a banda. Aquele show foi, de alguma maneira, especial? Você tem alguma lembrança daquela noite?
Erik Grönwall: (Risos) Eu nem sabia que o show seria gravado, então está perguntando para o cara errado. Eu acho que nem tínhamos planos de lançar um álbum ao vivo. Foi algo do tipo "vamos tentar gravar com esse equipamento novo". De alguma maneira, soou ótimo e decidimos lançar aquele registro.
13 Ainda falando sobre shows, como vocês definem o setlist? É um processo colaborativo?
Erik Grönwall: A maioria do que fazemos é colaborativo mas gostamos de envolver os fãs quando definimos o tracklist, então perguntamos a respeito nas redes sociais. Também verificamos as estatísticas do Spotify para saber quais as nossas canções mais ouvidas. Estamos tocando para os fãs e é nosso trabalho entretê-los. Eles devem ter a chance de opinar sobre o que querem ouvir.
14 E como foi a experiência de cantar o material dos dois primeiros álbuns? Houve ansiedade?
Erik Grönwall: E como houve!!! Mas como já decidi a não me importar com os outros, me tornei a melhor versão de mim.
Grönwall em ação com o H.E.A.T. na O2 Academy Islington, em Londres, circa 2017 |
15 O álbum seguinte foi "Into The Great Unknown", lançado no ano passado. Sem dúvida, é o trabalho mais experimental do H.E.A.T. até hoje. O que foi diferente enquanto compunham o álbum que o diferencia tanto dos outros, musicalmente falando?
Erik Grönwall: Acho que a grande diferença foi que não passamos muito tempo juntos como antes enquanto trabalhávamos no álbum e mesmo enquanto escrevíamos material. Todos nós estávamos passando tempo com outras pessoas do meio e creio que, de alguma maneira, isso influenciou as composições. Eu sinceramente não gosto de "Into The Great Unknown", acho que poderíamos ter feito algo melhor... mas era algo que precisávamos fazer.
16 A banda tem vários shows já agendados entre Novembro e Janeiro. Vocês encontram tempo para trabalhar em novas canções ao longo da tour?
Erik Grönwall: Normalmente nós não escrevemos nada na estrada, mas temos muita inspiração para as letras e músicas ao longo da tour, então é sempre bom passarmos tempo juntos e experimentar coisas novas.
17 Eu acredito que vocês já têm algum material sendo trabalhado para o novo álbum. Como você definiria a direção musical do que vem por aí?
Erik Grönwall: Sem palhaçada. Hard & Heavy...
18 Então não teremos um retorno à sonoridade clássica do H.E.A.T. tão cedo, ao contrário, veremos a banda expandindo seus horizontes?
Erik Grönwall: Ainda é cedo para dizer, mas creio que será algo como H.E.A.T. clássico, mas com mais peso. Talvez, uma combinação entre "Address The Nation" e "Tearing Down The Walls".
19 Falando sobre álbuns, você já apontou "Tearing Down The Walls" como sendo o seu preferido. Quais as razões para essa escolha?
Erik Grönwall: Grandes canções, grande som, grande tour para o álbum. Foi quando as coisas realmente começaram a acontecer para nós.
H.E.A.T. circa 2017, em foto promocional para o recente "Into The Great Unknown" |
20 O que podemos esperar do H.E.A.T. no futuro? O que vocês projetam para a banda?
Erik Grönwall: Estaremos afastados de tudo por um tempo enquanto trabalhamos no material para o próximo álbum, mas voltaremos com canções de qualidade e tours ainda maiores.
21 E falando em tours, a banda já correu o mundo. Quando vocês vêm ao Brasil?
Erik Grönwall: Isso é algo que nos perguntamos muito. Façam com que os promoteres saibam que estamos interessados e dispostos a tocar aí!!!
Erik, foi um prazer falar contigo. Desejo a você todo o sucesso e espero vê-lo no Brasil em breve. As portas da AORWatchTower estão sempre abertas a você...
Erik Grönwall: Obrigado, Juliano. Agradeço a oportunidade e espero vê-lo no Brasil tão logo seja possível. Rock N' Roll...
3 comentários:
Show de entrevista parabens!
Agradeço o elogio, Marcelo!!!
Kenny e muito melhor que Erik
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